Para estimular mercado interno, governo baixa IPI da linha branca

Mantega ensina consumidor a pechincar no comércio por descontos maiores do que a redução de tributos

Nova redução de IPI sobre linha branca tenta manter indústria e comércio internos aquecidos (Foto: Rodrigo Baleia/Folhapress)

 

São Paulo – O Diário Oficial da União publica em edição extraordinária nesta quinta-feira (1º) a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de eletrodomésticos da chamada linha branca. As medidas também valem para os estoques nas lojas e vão vigorar até 31 de março de 2012. A ideia é manter o mercado interno aquecido e diminuir os impactos da crise financeira global sobre a economia do país, mantendo a produção e os níveis de emprego.

O IPI do fogão, por exemplo, cairá de 4% para zero. A geladeira terá o imposto reduzido de 15% para 5% e a máquina de lavar, de 20% para 10%. No caso de máquinas de lavar semiautomáticas (tanquinhos), a redução será de 10% para 0%. A medida de estímulo ao consumo de bens duráveis só vale para produtos com índice de eficiência energética classe A.

O governo reduzirá ainda o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado sobre o financiamento ao consumo de 3% para 2,5%, anunciou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista coletiva para detalhar as medidas.

Mantega aposta, porém, que a população irá contribuir para além da redução de impostos estabelecida pelo governo. “Espero que chegue ao consumidor não só o que foi reduzido de impostos, mas que as lojas façam promoções vendendo além disso. O consumidor deve pechinchar e discutir com o varejista, dizendo: ‘O governo está reduzindo 10 pontos percentuais no imposto da geladeira, eu quero mais do que isso (de desconto). E com um financiamento mais barato'”, ensina.

Obstáculos

A eficiência da redução do IPI dos eletrodomésticos da linha-branca para estimular o mercado interno e manter o crescimento econômico do país pode não garantir efeitos tão positivos quanto os alcançados em 2009, diante das instabilidades externas da época. O pesquisador na área de finanças públicas e crédito da Fundação Getulio Vargas (FGV) Gabriel Leal de Barros lembra que, diferentemente de dois anos antes, dados do Banco Central mostram que o nível de endividamento das famílias brasileiras está mais alto. Isso pode reduzir o poder de compra, mesmo com IPI reduzido.

“Até onde esse estímulo do mercado interno via aumento do consumo se sustenta dado o atual nível de endividamento das famílias; Até onde é possível avançar dado esse estoque de dívida que as famílias têm hoje em mãos?”, avalia.

Segundo Barros, outra questão é saber que impactos a desoneração do setor industrial pode ter na arrecadação do governo federal. “Nós ainda não temos uma medida de quanto isso vai custar em termos fiscais, qual o tamanho dessa desoneração”, diz. Ele reconhece, porém, que toda a desoneração incentiva o consumo e causa um “efeito multiplicador” na economia, ampliando a arrecadação.

De acordo com o pesquisador, é preciso aguardar os efeitos da medida, para saber se o governo precisará adotar novas políticas contra a crise econômica mundial.

Com informações da Agência Brasil