Brasil teve segunda maior expansão na compra de dívida dos EUA

Quinto maior investidor nesse tipo de papel, país tem dois terços das reservas compostas por investimento na dívida norte-americana

Apesar de dúvidas sobre ampliação do teto da dívida pública dos EUA, papéis norte-americanos ainda são mais confiáveis, segundo economista (Foto: © Yuri Nakao/Reuters – Arquivo)

São Paulo – Dois terços das reservas internacionais do Brasil são compostas por títulos da dívida dos Estados Unidos. Atualmente colocado como quinto maior investidor nesse tipo de papel, o país teve a segunda maior expansão de aplicação na dívida dos EUA em 2010 entre os dez maiores credores, segundo o Tesouro americano. No ano passado, o aumento brasileiro ficou atrás apenas da China.

A informação foi divulgada na segunda-feira (18), em meio a negociações entre a Casa Branca e o Congresso dos EUA para ampliar o teto da dívida pública do país para além dos atuais US$ 14,3 trilhões. Embora enfrente resistência da oposição republicana, o presidente Barack Obama insiste em sensibilizar deputados para permitir a rolagem da dívida – emissão de novos títulos para honrar compromissos assumidos anteriormente. A aprovação precisa ser feita até 2 de agosto.

De maio de 2010 ao mesmo período deste ano, o Brasil aumentou em 30,9% a aplicação. Dos US$ 340 bilhões de reservas internacionais, o país tem US$ 211,4 bilhões (cerca de R$ 333 bilhões) em dívidas dos EUA. A China aumentou em 33,6% sua compra de papéis do governo americano, e mantém-se como principal credor norte-americano – acumula US$ 1,16 trilhão, mais de um terço de suas reservas internacionais.

Desde 2004, quando o Brasil passou a apostar na expansão de suas reservas internacionais, a principal aposta foi em títulos da dívida norte-americana, considerados historicamente os papéis de maior liquidez do mundo – por serem vistos como os mais confiáveis para servir como garantia.

Enquanto o governo Obama descarta o risco de moratória da dívida, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e por agências de classificação de risco (como Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch) mostram preocupação com a possibilidade de não se alcançar acordo no Congresso. Muitos economistas acreditam que o acerto almejado vá ser alcançado e, apesar da instabilidade e da demora em superar a crise econômica não vai retirar do país a condição de referência em segurança de investimento.

Segundo o economista Gregory Daco, da consultoria IHS Global Insight, o mercado financeiro vive uma série de incertezas que vão além da questão. As crises políticas em países do mundo árabe e a da dívida na Grécia e incertezas na Europa colocam os títulos do Tesouro dos EUA como alternativa mais segura. “No caso do Brasil, quinto maior credor, não acredito que iria simplesmente retirar suas aplicações nos títulos do Tesouro de uma hora para outra”, avaliou, em entrevista à BBC Brasil.

Com informações da Agência Brasil