Carga tributária para classe alta é ‘leve’ no Brasil, aponta estudo

Segundo uma associação internacional de consultorias a carga tributária para a classe alta no Brasil, é considerada leve (Foto: Afonso Lima/Sxc.hu) São Paulo – A carga tributária para as classes […]

Segundo uma associação internacional de consultorias a carga tributária para a classe alta no Brasil, é considerada leve (Foto: Afonso Lima/Sxc.hu)

São Paulo – A carga tributária para as classes altas pode ser considerada “leve” se comparada a outros segmentos da sociedade brasileira, concluiu estudo realizado em 20 países. Apesar de as alíquotas serem progressivas – aumentam conforme cresce a renda do assalariado – a diferença entre o percentual descontado dos salários médios e dos elevados é considerada pequena em relação à praticada em outros países. Para a rede UHY, uma associação internacional de consultorias, os dados mostram o caráter “esdrúxulo” do sistema tributário brasileiro.

O estudo indicou que um profissional no Brasil que recebe até US$ 25 mil por ano – cerca de R$ 3.300 por mês – leva, após o pagamento de Imposto de Renda e Previdência, 84% do seu salário para casa. Já os profissionais que recebem US$ 200 mil por ano – cerca de R$ 26.600 por mês – recebem no final cerca de 74% de seu pagamento.

Essa diferença de cerca de 10 pontos percentuais é uma das menores entre os países pesquisados. Apenas Dubai, Rússia, Estônia, Egito, Índia e México possuem diferenças menores. As outras 13 nações exigem mais dos ricos.

Nos dois países com menor nível de tributação, Dubai e Rússia, não há diferenciação entre a taxa aplicada sobre a renda dos profissionais em qualquer das duas faixas analisadas. Na Holanda, o segundo país com maior diferença de tributação, um trabalhador com remuneração na faixa mais baixa estudada tem descontado um percentual próximo ao do Brasil (84,3%). Os mais ricos, porém, têm descontos de 45%.

Para Paulo Moreira, da rede UHY, os dados da pesquisa revelam o caráter “esdrúxulo” da carga tributária brasileira. “Esses tributos circulam embutidos nas mercadorias e serviços consumidos pelos contribuintes e aplicam-se de forma igual a ricos e pobres”, explica. Ele acrescenta que esta “justiça” tributária é ilusória, porque as classes mais altas têm formas de evitar o pagamento de impostos sobre consumo fazendo compras no exterior ou recorrendo a outros artigos de consumo, diferentemente dos pobres.

O porta-voz da UHY diz que outro fator que contribui para fazer do Brasil um país pouco “equânime” no quesito tributário é o teto aplicado à contribuição previdenciária. O imposto de 11% sobre o salário é aplicado somente até o valor de R$ 3.038,99, o que quer dizer que trabalhadores que ganham acima disso têm uma fatia maior do seu salário livre de descontos que os que ganham dentro da faixa.

O estudo sustenta que a cobrança de impostos mais baixos sobre a renda pessoal pode funcionar como atrativo para países atraírem mão de obra qualificada. A associação sustenta que o fator é levado em conta por multinacionais na hora de decidir em que países fazer investimentos, justamente preocupados em atrair e manter talentos.

Com informações do Sul21