Entre jovens e em cidades médias, país está longe do pleno emprego, diz economista

São Paulo – O nível de emprego no Brasil aproxima-se do pleno emprego apenas em metrópoles do Sul e Sudeste, mas permanece distante desse nível em alguns segmentos sociais e […]

São Paulo – O nível de emprego no Brasil aproxima-se do pleno emprego apenas em metrópoles do Sul e Sudeste, mas permanece distante desse nível em alguns segmentos sociais e em cidades médias. Na análise de Anselmo Santos, professor do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), da Universidade de Campinas (Unicamp), entre os jovens e em municípios sem uma estrutura industrial,  o nível de desemprego é maior.

Na semana passada, após a divulgação da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o país estaria em um cenário de “quase pleno emprego”. O índice divulgado de 5,7% é a média de seis regiões metropolitanas, mas chega perto de 4% em Porto Alegre e em São Paulo. Trata-se do percentual mais baixo já registrado na série histórica, iniciada em 2002.

Conceitualmente, segundo explica o professor da Unicamp, pleno emprego seria uma situação em que houvesse de 3,5% a 4% de pessoas desocupadas. Essa parcela corresponderia à troca de funcionários – ou rotatividade de mão-de-obra –, com uma relativa facilidade para que as pessoas dispensadas consiguissem se realocar. O Brasil viveu esse tipo de conjuntura nas grandes cidades durante as décadas de 1950 e 1960, períodos de forte expansão industrial.

“Na média das metrópoles, a taxa está acima de 5%, por isso o ‘quase’. Para haver pleno emprego, precisaria de uma taxa abaixo de 4%”, explica Santos. “Isso está ocorrendo na região metropolitana de São Paulo e de Porto Alegre. Mas em muitas capitais no Norte e Nordeste e em cidades médias – no interior, onde não há indústrias – a taxa ainda é alta”, analisa.

Além disso, ele lembra que os dados do IBGE referem-se apenas a capitais. Levantamentos como a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), que incluem municípios menores, são divulgados mais de um ano depois de realizada a coleta de dados. As informações mais recentes disponíveis, de setembro de 2009, mostram um cenário anterior ao forte crescimento deste ano.

Outro sinal de que o Brasil ainda não está em uma situação tão favorável do ponto de vista do emprego é que, em alguns segmentos sociais, a parcela que não consegue encontrar emprego ou outras opções de trabalho é maior. “É sinal de que não há pleno emprego a taxa de desemprego entre jovens maior de 20%, por exemplo. Como ainda é alta para alguns segmentos, uma boa parte da população não tem tanta facilidade para conseguir um novo emprego”, alerta o pesquisador.

Comparação

Ainda assim, Santos lembra que o nível de desemprego no país era muito alto há oito anos. “O que vale a pena destacar é que a situação do emprego mudou muito em relação ao que era. A taxa de desemprego foi recorde em 2002 e 2003, era muito alta e demora para cair”, pondera. “Em oito anos, ainda perdemos 2003, quando (a economia) não cresceu, e 2009, quando caiu um pouco. São seis anos de crescimento só”, calcula.

Santos lembra que o Brasil cresceu 3,5% ao ano em média nos quatro primeiros anos do governo Lula. No segundo mandato, a média foi de 4,5%, incluindo 2010. Por ser significativamente mais do que o registrado no governo Fernando Henrique Cardoso, abaixo de 2,5%, o economista atribui a isso o resultado de emprego.

“A relação entre crescimento da economia e desemprego era mais forte quando o país crescia menos; cada ponto representava mais empregos gerados. Depois, continuou avançando e a relação caiu. Mas quando o país passou a crescer mais, o efeito também foi grande”, avalia.

Para o economista, o emprego é um ponto-chave para o país, ainda mais com a recuperação do salário e da renda. Como o cenário internacional ainda é de crise em países europeus e nos Estados Unidos, Santos considera que o quadro de “quase pleno emprego” é favorável.

 

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