Metrô de SP volta a causar transtorno à população

Passageiros relatam pânico e desconforto. Versão inicial da companhia foi desmentida por usuário

Passageiros abandonam trem depois de novo problema no metrô de SP (Foto: Reprodução TV)

São Paulo – O corte de energia na Linha 3-Vermelha do metrô da capital, iniciado por volta das 8h30 desta terça (21) provocou a paralisação parcial dos serviços e chegou a saturar o sistema de transporte público da cidade. A circulação foi restabelecida por volta das 10h30.

Segundo a versão inicial dada pelo Metrô, o acionamento do botão de emergência de uma das composições, entre as estações Sé e Pedro II, quando seguia sentido Palmeiras/Barra Funda, teria causado a interrupção do tráfego e o corte de energia elétrica. A versão, porém, não confere com os testemunhos de usuários que estavam nos trens no momento do incidente (leia abaixo)

Os trens ficaram parados entre as estações com as portas fechadas e sem circulação de ar, já que não havia energia. Alguns passageiros começaram a passar mal, o que levou parte dos usuários a quebrar os vidros dos trens para poderem sair, ao mesmo tempo em que permitiu-se a entrada de ar.

Algumas estações foram fechadas, caso da Tatuapé, além da Sé e Pedro II. Não houve depredações de estações, mas a  procura por meios alternativos para se locomover  provocou o a lotação de ônibus e vans.

Tumulto, pânico e desconforto

O relato de Luis Fernando de Vasconcelos, que pretendia desembarcar na estação da Sé para se dirigir ao trabalho, na R. São Bento, indica que a origem do problema pode ter sido diferente da versão original divulgada pelo Metrô.

Segundo o passageiro, o botão de emergência só foi acionado porque a situação dentro dos vagões ficou insustentável, depois de mais de 15 minutos de parada, com portas fechadas e trem lotado.

“Ele (o condutor) ficava repetindo que o trem estava parado para aguardar ‘a movimentação do trem à frente’ (procedimento padrão do Metrô), mas ninguém aguentava mais ficar lá dentro. Então o pessoal quebrou (a proteção) e apertou (o botão) da emergência, pra falar (com o condutor) e pedir para abrir as portas.”

“Não posso abrir as portas, por favor retornem aos seus lugares”, teria sido a resposta, o que provocou o início do tumulto. “Ninguém conseguia nem se mexer, como é que ia voltar aos seus lugares? Foi aí que o pessoal se revoltou e começou a quebrar os vidros, para conseguir respirar. Aí as portas foram abertas”, conta Luis.

A assessoria de imprensa do Metrô respondeu que a versão do passageiro será investigada e as circunstâncias que provocaram um novo problema para a população de São Paulo, serão apuradas e devidamente divulgadas.

Outros usuários relataram a situação de desconforto vivida durante a locomoção até o local de trabalho. “Na Sé está um empurra-empurra. Parece o dia em que teve enchente em São Paulo. O sistema (de transporte coletivo) é muito ruim. Não sei o que esse Expansão São Paulo traz de melhor para a população”, protestou Priscila Badaró, assistente de fotografia, que teve que andar a pé entre as estações Sé e Santa Cecília para mais um dia de trabalho.

Saturação

O presidente da Federação Nacional dos Metroviários, Wagner Fajardo Pereira, aponta que o metrô paulistano sofre de falta de planejamento e de lentidão crônica das obras de expansão. “Atribuo (o incidente da manhã desta terça-feira) à absoluta ausência de um plano de expansão do sistema metroviário em São Paulo. Qualquer cidade do tamanho de São Paulo tem um metrô muito maior que o daqui.”

Onda de piadas

A insinuação de Soninha Francine, ex-subprefeita de São Paulo e atual coordenadora da campanha de internet do presidenciável José Serra (PSDB), de que a paralisação no Metrô de São Paulo foi provocada por “sabotagem”, transformou-se em mais uma piada no twitter.

Soninha postou na manhã desta terça-feira a seguinte mensagem no serviço de microblog  “Metrô de Spaulo tem problemas na proporção direta da proximidade com a eleição. Coincidência? #SABOTAGEM #valetudo #medo [sic]”. A mensagem desencadeou uma onda de piadas com a hashtag #soninhafacts.

O jornalista Mauricio Styler, apontado como criador da senha para as brincadeiras, nega a criação e cita que seu único “fact” foi ter enviado Soninha para sua primeira matéria esportiva, em 1997.

 

Com colaboração de Elisângela Cordeiro e Guilherme Amorim