“Estamos esperando o pior”, afirma moradora da zona leste paulistana

Inundação na Vila Itaim, vizinha do Jardim Romano, completa um mês, e moradora conta que há sete mil pessoas precisando de doações

Jardim Romano continua alagado desde o dia 8 de dezembro. Ao menos cinco bairros da zona leste da capital permaneciam alagados na manhã desta sexta-feira (Foto: Mário Angelo/Folhapress)

A líder comunitária Renê Andrade dos Santos mora há 38 anos na Vila Itaim, vizinha ao Jardim Romano, na Zona Leste de São Paulo. Ela não via uma enchente assim desde 1997, antes de o local ser urbanizado pela prefeitura. Agora, só espera o pior, enquanto olha para o céu e sentencia: “Estamos nos preparando para a próxima chuva. O tempo está fechando aqui. E quando chove por uma hora sobe uns 30 centímetros de água”.

A Vila Itaim e o Jardim Romano enfrentam há um mês alagamentos. Na quinta-feira (7) choveu 16 milímetros naquela região da zona leste, de acordo com dados do Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura de São Paulo (CGE). Moradores fizeram uma manifestação na manhã desta sexta na avenida das Pontes.

Ela também está preocupada com o final de semana. Segundo o CGE, no entanto, a previsão é de chuva mais fraca que as registradas durante a semana. No sábado pode haver as típicas pancadas de verão e, no domingo, a previsão é de chuva rápida. “Se chover 24 horas vai virar uma calamidade”, lamenta.

A casa de sua mãe, por exemplo, que fica em frente à sua, alagou na noite de quinta-feira (7) e ela foi retirada do local. Naquela rua, a Abacatuaja, a água invadiu algumas residências, mas o estrago foi bem pior em outros locais, como as ruas Clemente Martins de Matos e Rio Manuel Alves, com a cheia chegando aos joelhos.

Ajuda

De acordo com Renê, há sete mil pessoas na mesma situação. Ela, particularmente, organiza uma lista com cerca de 60 famílias para que possam receber doações. Quanto à prefeitura, diz, nenhum sinal. “Eles deveriam vir aqui nos orientar. As pessoas estão correndo para o Jardim Romano porque aqui não vem ninguém. Nós não temos uma alternativa e trabalhamos com a perspectiva de que amanhã tudo melhore.”

As famílias precisam de roupas, fraldas, cobertores, colchões, alimentos e água potável. “A água aqui está horrível, as pessoas estão lotando o posto de saúde com problemas por causa da água”.

O posto de saúde Jardim Romano atende aos bairros próximos, entre eles o que leva o seu nome e a Vila Itaim. Renê pensa que o local presta um bom atendimento, mas faz uma ressalva: “Precisou um rapaz de 17 anos morrer de leptospirose para que eles fizessem exame de sangue nas pessoas.”

Doações

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região está recebendo doações para levar aos moradores da Vila Itaim e também da cidade de São Luiz do Paraitinga. Todos os produtos podem ser entregues na sede da entidade (Rua São Bento, 413, próximo à estação São Bento do metrô), nas regionais da entidade e na Quadra do Sindicato (Rua Tabatinguera, 192, Sé), de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Aos sábados e domingos as doações podem ser entregues na sede, na Quadra e nas regionais Paulista e Osasco.

“O Sindicato não pode resolver a situação, mas está mobilizando os bancários para ajudar a diminuir o sofrimento dessas famílias”, afirma Luiz Cláudio Marcolino, presidente da entidade. “Estamos em contato constante com lideranças das regiões afetadas para verificar quais as maiores necessidades. Vamos recolher as doações até o final da próxima semana e entregar. Depois vamos analisar as novas necessidades e retomar a campanha”, explica Marcolino.