Prefeitura de SP atua para adiar mais uma reintegração de posse na zona leste

Desapropriação da Comunidade da Paz, prevista para o dia 26, fica adiada por 90 dias. Em março, Haddad evitou retirada dos moradores de Jardim Iguatemi, também na zona leste

São Paulo – O secretário municipal de Habitação de São Paulo, José Floriano de Azevedo, entregou hoje (3) para uma comissão de moradores da Comunidade da Paz, localizada em Itaquera, zona leste da cidade, um documento comprovando que a Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) pediu o adiamento por 90 dias da reintegração de posse da área onde está a favela.

Os moradores contam que ficaram sabendo por acaso da reintegração marcada, desde o final do ano passado, para dia 26 deste mês. “Nós soubemos fuçando na internet”, disse o professor Valter de Almeida. “É um fôlego. Antes não havia dialogo nenhum, tudo era feito por baixo dos panos. Eles prometeram que vão fazer o recadastramento das famílias e tentar desenvolver um projeto que acomode as famílias na região”, afirmou.

Esta é a segunda vez que a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) age para interferir em uma reintegração de posse na cidade. No último dia 27, o prefeito conseguiu interromper a retirada dos moradores do Jardim Iguatemi, em São Mateus, também na zona leste.

A promessa de que a prefeitura iria atuar para barrar a remoção das duas comunidades foi feito no dia 22 de março pelo próprio José Floriano. Segundo relatos dos moradores, o secretário havia afirmado que por ser a própria Cohab que movia a ação de despejo, a situação poderia ser resolvida mais facilmente do que a do Jardim Iguatemi, um terreno particular. Mas só hoje um documento oficializando o adiamento foi entregue aos moradores. 

A Comunidade da Paz, instalada desde 1993 no terreno, é a mais próxima do estádio do Itaquerão, sede da abertura da Copa de 2014. No entanto, oficialmente, o que provoca a sua desapropriação é a construção de um parque linear de responsabilidade da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente.

O adiamento, no entanto, não é definitivo. Segundo nota da Secretaria de Habitação, a prefeitura estuda um local para realocar as famílias que serão retiradas do local “por estarem em área de alto risco, com péssimas condições de vida às margens de um córrego”, mas promete que quando isso ocorrer elas receberão um auxilio-moradia até a conclusão das unidades definitivas.