Novo incêndio em favela de SP provoca protestos contra condições de moradia

Moradores reclamam de promessas da administração Gilberto Kassab que ficam apenas no papel

Desabrigados da favela do Piolho tentam recuperar pertences em meio aos escombros (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

São Paulo – Mais um incêndio em habitações precárias em São Paulo faz com que moradores se revoltassem contra a política habitacional da gestão Gilberto Kassab (PSD). A favela do Piolho, no Campo Belo, na zona sul de São Paulo, foi atingida na tarde de ontem (3), por um incêndio, deixando três pessoas feridas e 500 desabrigadas. Esta é a quinta favela que pega fogo em apenas 20 dias.

Segundo o tenente coronel José Luís Borges, não há como saber se o incêndio foi criminoso. Ele explica que um lixão localizado no centro da favela aumentou a dificuldade de os bombeiros apagarem as chamas.

Luzinete Pereira dos Santos tem 60 anos e é vizinha da favela. Ela conta que a fumaça e o tamanho das chamas chamou sua atenção. “Saí correndo para ver. A gente mora aqui do lado, mas vê que é uma tristeza muito grande desse pessoal”.

O barraco da moradora Marlene Severina Barbosa foi um dos 285 que pegaram fogo. Emocionada, diz que perdeu tudo na tragédia. “Televisão, geladeira, coisas que eu ainda estava pagando”. Ela ainda reclama da falta de propostas para projetos de moradia urbana: 

“Não dão moradia digna. Tem tanto terreno, tanto apartamento sobrando, e não fazem nada que presta”. Mônica Fernandes Santana, outra moradora, também perdeu tudo. Indignada sobre o lixão que fica na favela, diz: “A prefeitura não tira o lixão daqui, é só promessa de moradia e nada concreto”.

Domicelo da Cunha mora há quinze anos na favela. Ele afirmou que o governo municipal promete fazer apartamentos para abrigar apenas parte das pessoas que moram no local. “Agora que é ano de eleição eles ficam vindo aqui para enganar a população, para fazer dois prédios que cabem só 200 pessoas. Pra quê isso? Estou cansado de sofrer, esse é o terceiro incêndio que eu passo. O que a gente quer é uma moradia digna, e não que eles fiquem engando a gente. É só isso que eu quero”.

Só neste ano, foram registrados 32 incêndios em habitações precárias na cidade.  

Ouça a reportagem de Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.