Apesar de premiado, Defesa Civil renega programa contra incêndio em favela

O Programa de Segurança Contra Incêndio, implementado na gestão de Marta Suplicy, suspenso após eleição de Serra, foi selecionado na edição de 2005 do Prêmio Mario Covas, que destaca iniciativas consideradas inovadoras para atender ao interesse público

São Paulo – O coordenador-geral da Defesa Civil de São Paulo, Jair Paca de Lima, disse hoje (12), durante reunião da CPI dos Incêndios em Favelas, que o Programa de Segurança Contra Incêndio, implementado na gestão de Marta Suplicy e suspenso após a eleição de Serra, não existiu. No entanto, o programa foi selecionado na edição de 2005 do Prêmio Mario Covas, que destaca iniciativas consideradas inovadoras para atender ao interesse público.

Segundo Paca de Lima, foi realizado apenas um projeto-piloto em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) na Favela Vila Dalva, na zona oeste de São Paulo. “Em 2005 não foi extinto porque eu estava na Defesa Civil e não existia esse programa. O que havia era um trabalho feito pelo IPT, um protótipo na Vila Dalva.”

No entanto, o roteiro de apresentação do projeto para o Prêmio Mário Covas destaca em seus resultados parciais que treinou “moradores das comunidades zona sul – Viela da Paz; zona leste – Maria Cursi; zona oeste – Vila Dalva e Jardim Jaqueline, e zona norte – Jardim Cabuçu e Centro – Rua Sólon (cortiço vertical)”, para atuarem como brigadistas. No documento, Paca de Lima é citado como um dos integrantes da equipe premiada.

O IPT confirmou que as ações ocorreram nas seis favelas citadas no documento. O técnico do instituto responsável pela iniciativa, José Carlos Tomina, afirmou que “a gestão [do ex-prefeito de São Paulo, José Serra] não tocou o projeto, sem dar justificativa”. Ele destacou que o coronel Paca de Lima “participou do programa e ajudou a implantá-lo”.

A suspensão injustificada do programa foi questionada durante a reunião de hoje pelo líder comunitário da Favela do Moinho Francisco Miranda. Diante do posicionamento de Paca de Lima, a CPI solicitou que Miranda apresente documentos que comprovem a existência do programa na próxima reunião, dia 26 deste mês.

“No início de 2004 eu era comandante do Corpo de Bombeiros e nós não participamos. É preciso provar onde foi feito o programa e quem extinguiu”, afirmou Paca de Lima.

O programa, implementado em parceria com a prefeitura e com empresas de equipamentos de proteção contra fogo, previa o treinamento de moradores da comunidade para atuarem como brigadistas de incêndio e distribuía para cada um dois extintores de incêndio e equipamento de proteção contra o fogo.