Mais higienismo: prefeitura ameaça fechar roda de samba no Largo Santa Cecília

Há duas semanas guardas interrompem a tradicional roda, realizada há 12 anos

São Paulo – Mais um foco cultural da cidade de São Paulo pode ser fechado. O alvo agora é a tradicional roda de samba que ocorre há quase 12 anos toda sexta-feira no Largo de Santa Cecília, na região central. Nas duas últimas semanas o samba foi interrompido pela Guarda Civil Municipal. “Nas duas últimas sextas tivemos de acabar mais cedo, por volta das 21 horas por causa da GCM”, disse Demétrio Atra, presidente do Bloco Carnavalesco Filhos da Santa, que promove a roda.

Segundo Atra, os sambistas já alteraram o horário da roda para não incomodar a vizinhança. “Nossa roda é antiga e conta com o apoio da igreja, do padre e da comunidade. Antigamente fazíamos das 19 às 23 horas, mas diminuímos o tempo para ser das 20 às 22 horas, respeitando o horário da última missa, que é às 19h, e a lei do silêncio, para não incomodar os vizinhos”, afirmou.

Ainda de acordo com Atra, não houve explicações sobre o motivo de a GCM acabar com o samba. “Quando a gente perguntava por que não podíamos continuar com a roda simplesmente respondiam ‘porque não’”, completou. “Não respeitaram ninguém. Na nossa roda tem mulher, criança e idoso. Quem via de fora achava que estávamos cometendo algum crime e não nos informaram de nada.”

Atra e outros representantes do bloco compareceram na última quarta-feira à reunião do Conselho de Segurança do bairro (Conseg). Lá, eles ouviram do representante da GCM que se tratava de cumprimento de ordem e que, caso alguém faça uma denúncia, é dever deles ir até o local. A GCM ainda teria dito que a cena pode se repetir nesta sexta-feira.

“Achei estranho ele falar isso. A gente tava na quarta e ele já sabia que ia ter uma ligação para reclamar da roda na sexta? Como é que é isso?”, questiona Atra. O presidente acredita que alguém esteja querendo tirar o samba de Santa Cecília, esvaziando ainda mais a região. “É um dos poucos focos culturais do nosso bairro. Nunca vi ninguém da Secretaria de Cultura vir até aqui e propor alguma coisa. Fazemos oficinas com as crianças, ensinando um instrumento musical, agora querem acabar com isso”, disse.

Para lutar contra o encerramento da roda de samba um abaixo-assinado já está circulando pela internet. Segundo Atria, até sexta-feira já haviam sido coletadas 539 assinaturas. Clique aqui para assinar.

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