USP inicia projeto de reurbanização da favela São Remo

Comissão foi formada em junho do ano passado para estudar plano; moradores reclamam de falta de participação

São Paulo – Localizada ao lado do campus Butantã, da Universidade de São Paulo (USP), a favela São Remo deve ser alvo de uma intervenção da instituição, planejada desde junho do ano passado. O projeto, ainda em fase de elaboração, pode acarretar a remoção de famílias, segundo Givanildo Oliveira dos Santos, líder comunitário da região.

O grande problema, para os moradores, tem sido a ausência de diálogo com a universidade. “A área tem muitos donos: a prefeitura, o Estado, a USP, e tem gente que mora na favela e é dona do próprio terreno, como vão lidar com tudo isso? Não sabemos.”

O medo é um reflexo de ações recentes do poder público. Os moradores temem ser expulsos de suas casas, como ocorreu no Pinheirinho, na ação autorizada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB). “Não queremos um Pinheirinho ali, todo mundo jogado na rua e depois se pensa em uma solução. Precisamos refletir antes, para onde vai toda essa gente”, disse, em conversa com a reportagem do SPressoSP.

A reitoria da universidade informou que um diálogo, neste momento, seria “precoce”.  “Estamos estudando o projeto, analisando as possibilidades e não temos, ainda, respostas.” A previsão é de seis meses para a conclusão do projeto e uma possível assinatura de parcerias.

A reitoria publicou a portaria nº 680, em 14 de junho do ano passado, onde foi designada uma comissão para desenvolver “um projeto de reurbanização das áreas ocupadas irregularmente pelas comunidades São Remo e Carmine Lourenço na parte oeste da Cidade Universitária ‘Armando de Salles Oliveira’, e pela comunidade denominada Morro da USP, no bairro do Sacomã, em São Paulo”. De acordo com a assessoria de imprensa da reitoria, no segundo semestre de 2011, a comissão teve “várias reuniões com as secretarias estadual e municipal de Habitação” e “encontros com lideranças comunitárias locais”. No dia 12 de dezembro, foi assinado um protocolo de intenções entre a USP e as secretarias.

Ainda, conforme informações da reitoria, o projeto envole 3.500 famílias, aproximadamente 15 mil moradores.