Caos no sistema da CPTM causa revolta

Após problemas em uma das linhas, ontem, deputados estaduais protocolam representação no Ministério Público; hoje, houve nova ocorrência, em outra linha

Problema no sistema de energia interrompeu a circulação de trens entre as estações Barra Funda e Luz (Foto: Rivaldo Gomes/Folhapress)

São Paulo – Enquanto representantes da Secretaria de Transportes Metropolitanos e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) justificam o defeito no sistema de alimentação elétrica dos trens na região da Estação da Luz que prejudicou ontem (29) a circulação de trens da Linha 7-Rubi por quase duas horas, e negam o caos no sistema, a população continua indignada e quer resposta do poder público. Revoltados, os usuários, parados dentro de uma composição entre as estações Pirituba e Vila Clarice, quebraram janelas e desceram aos trilhos para caminhar até a estação mais próxima.

Em Francisco Morato, na região metropolitana, usuários que esperavam o trem, quebraram a entrada da estação, incendiaram a bilheteria e destruíram catracas e portas. A Polícia Militar utilizou bombas de efeito moral para conter a manifestação. A estação foi reaberta às 15h, sem catracas.

Vanessa Silva, moradora de Franco da Rocha é usuária da linha 7-Rubi há quatro anos e presenciou o tumulto de ontem. “Nós que usamos o serviço todos os dias colecionamos histórias de problemas e transtornos pelos defeitos que ocorrem nesta linha. Mas a impressão que tenho é que com as obras para ‘melhoria’, o problema tem se agravado”, disse.

Deputados estaduais do PT protocolaram junto à Procuradoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo, na tarde de ontem, representação solicitando perícia sobre as condições de infraestrutura e serviços fornecidos pela companhia, bem como soluções para ros problemas.

“A CPTM registrou, em média, uma ocorrência grave por semana neste ano”, afirma o documento. Um dos pedidos feitos pelos deputados é que seja apurada se a falta de investimentos para a ampliação dos serviços acarretou a superlotação e constantes falhas que produziram o transtorno e afetaram a segurança dos usuários e dos funcionários.

Para Alencar Santana, deputado estadual e líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o governo do estado e a CPTM têm tratado a questão dos trens com total descaso. “Uma das causas das constantes panes é o corte de investimentos ocasionando, entre outras coisas, a falta de manutenção dos trens e das linhas”, disse.

“Agora, o governador Geraldo Alckmin anunciou que vai aumentar o investimento e melhorias nas estações de energia que alimentam os trens (R$ 385 milhões). Só fez isso agora porque quebraram toda a estação de trem de Francisco Morato, o assunto bombou no Facebook e a imprensa foi obrigada a falar sobre o tema”, disse Vanessa.

“Nós, cidadãos e cidadãs, temos o direito de ir e vir, é um direito básico e que vem sendo sistematicamente violado. Sinto-me impotente por saber que estamos nas mãos de governantes que pouco ou nada sabem de transporte público”, disse a usuária. 

O prefeito Zezinho Bressane (PT), de Francisco Morato, disse que a estação não tem acessibilidade e condições mínimas de segurança para a população. “A estação foi construída há quatro anos, provisoriamente, e não tem suporte para atender ao fluxo de pessoas, que chega a 40 mil diariamente.” 

Bressane disse que os secretários Jurandir Fernandes e Edson Aparecido, das secretarias de Transportes Metropolitanos e de Desenvolvimento Metropolitano, estão cientes da situação. “Desde o começo do meu mandato, em 2009, estamos cobrando e acompanhando essa questão”, disse o prefeito.

Alencar Santana e o deputado estadual José Zico Prado, acompanhados do prefeito Zezinho Bressane, visitaram a estação Francisco Morato e se comprometeram a acompanhar a situação junto ao governo de São Paulo e à CPTM.

Na manhã de hoje (30), um defeito de tração em uma composição da Linha 9-Esmeralda, da CPTM, prejudicou a circulação na via. De acordo com a empresa, o problema ocorreu às 8h50 na estação Ceasa, na zona oeste de São Paulo e a situação foi normalizada por volta das 9h20.

Procuradas para responder sobre a questão dos trens em São Paulo, a Secretaria de Transportes Metropolitanos e a CPTM não se manifestaram até o início desta tarde.

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