Federação de oficiais militares descarta expansão de greve para outros estados

Falta de reconhecimento profissional de policiais militares e baixos salários são problemas nacionais, diz dirigente

São Paulo – Apesar da insatisfação dos policiais militares em todo o país, o presidente da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais (Feneme), Coronel Marlon Jorge Teza, não acredita na ampliação do movimento grevista da Bahia para outros estados. “Não existe até o momento movimento nesse sentido”, afirmou à Rede Brasil Atual.

Teza avalia que a greve de nove dias na Bahia, embora inconstitucional, é resultado da revolta dos policiais militares pela falta de tratamento adequado. Desde o início de fevereiro, os trabalhadores também ocupam a Assembleia Legislativa. “É aquela história, quando a barriga ronca mais alto… O desespero leva a essas questões.” Ele também vê falhas na condução das negociações por parte do governo do estado. “É histórico, quando o governo falha com os militares, eles se revoltam.”

O descontentamento com salários e condições de trabalho não é exclusividade da Bahia. De acordo com o presidente da Feneme, nacionalmente os policiais militares desejam ter tratamento diferenciado pela profissão que abraçaram. “Em várias unidades, há o desejo de ser melhor tratado uma vez que os policiais se arriscam todos os dias e são pessoas bem formadas”, explicitou.

Motivação

Na visão de Teza, além das reivindicações locais, o “maior motivador” da revolta dos policiais baianos é a diferença de salário de um estado para outro no país. Como exemplo, o dirigente da federação citou o salário inicial dos policiais em Sergipe, por volta de R$ 3.500, e da Bahia, perto de R$ 2.300. “Vemos um estado com bem menor orçamento pagando melhores salários que outros de maior poder”, disse.

A categoria espera que o problema seja corrigido com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 300, que cria um piso nacional para a categoria e um fundo para o custeio do aumento de gastos. Na terça-feira (7), o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), afirmou que a retomada da votação da PEC 300 está fora da pauta da Casa deste ano. “As demandas por reajuste salarial são enormes, mas as condições dos estados em atenderem a essas reivindicações são pequenas. Portanto, esse debate deve acontecer, primeiramente, nos estados. Transferir esse debate para o Congresso não me parece uma boa medida”, citou.

Também na terça, os policiais baianos decidiram manter a paralisação. Após reunião com o governo que durou cerca de sete horas, os trabalhadores não aceitaram acordo. O governador Jaques Wagner propôs pagamento da Gratificação por Atividade Policial (GAP), de forma parcial até 2015. A proposta repete os termos acordados no movimento grevista da categoria de 2001. Não houve acordo porque os policiais reivindicam o pagamento de uma só vez.