PM abre inquérito para investigar excessos de policiais em protesto contra aumento da tarifa de ônibus em São Paulo

Ação policial do dia 17 de fevereiro em frente à prefeitura está sendo analisada

Força Tática em ação contra os manifestantes no dia 17 de fevereiro (Foto: Jéssica Santos de Souza/RBA)

São Paulo – O Comando de Policiamento da região central de São Paulo abriu inquérito para investigar a violenta reação da Polícia Militar (PM) contra manifestantes que protestavam contra o aumento da tarifa de ônibus em 17 de fevereiro, em frente à prefeitura.

Seis manifestantes ficaram acorrentados nas catracas da entrada da sede da administração municipal, e o prédio ficou cercado pela PM durante a tarde. No começo da noite, as grades de isolamento caíram, segundo a PM, por ação dos manifestantes, e a repressão policial se iniciou. Os manifestantes alegam que o fato foi acidenta.

Manifestantes foram atingidos por balas de borracha ou por bombas de gás lacrimogênio. Três vereadores do PT – Antônio Donato, José Américo e Juliana Cardoso – foram alvejados por sprays de pimenta e agredidos por cassetetes ao tentar conversar com o comandante da operação policial.

O assistente social Vinícius Figueira foi detido durante a confusão. Há imagens gravadas mostrando agressões por parte dos agentes policiais contra ele. Por causa de ferimentos, Vinícius, que teve escoriações múltiplas e o nariz fraturado, foi encaminhado ao hospital e passou por cirurgia.

No dia seguinte, a PM divulgou comunicado justificando que a violência foi necessária para restabelecer a ordem. “Houve a quebra da ordem. Eles incitaram contra a Polícia Militar, quebraram o alambrado, quiseram invadir a prefeitura. Jogaram rojão e pedra contra a prefeitura”, afirmou o capitão Amarildo Garcia, que comandava a operação.

Segundo João Victor Pavesi de Oliveira, membro do DCE Livre da Universidade de São Paulo (USP) e um dos representantes do comitê contra o reajuste, cinco pessoas já foram chamadas a depor no inquérito, quatro ligadas ao movimento pela redução do preço da passagem e o vereador Antônio Donato (PT). O parlamentar não foi localizado pela Rede Brasil Atual.

O movimento não quis divulgar o nome de todos os intimados, por temer represália policial. De acordo com João Victor, todas as pessoas que estavam dentro da prefeitura no dia, mais os vereadores e os manifestantes que abriram  boletim de ocorrência contra a polícia, foram intimadas para testemunhar.

De acordo com a PM, foi instaurado o inquérito número CPAM1-001/22/11. “O inquérito está em andamento e após o seu encerramento será remetido à Justiça Militar”, informa a corporação, por meio de nota à imprensa.

Membros do comitê contra o aumento da tarifa disseram creditar que houve excessos dos policiais e que os fatos têm de ser investigados para evitar que outras manifestações sejam reprimidas da mesma forma.

“Os protestos contra o aumento da passagem de ônibus são legítimos dentro do estado de direito. O aparato militar do estado vem, há tempos, quebrando com isso, violando direitos humanos”, defendeu o movimento, em nota.