Kassab admite que tarifa de ônibus ‘sempre é cara’ para o usuário

Prefeito alega que preço da passagem é 'compatível com as possibilidades da capital'

São Paulo – O prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, afirmou nesta sexta-feira (25) que São Paulo tem uma tarifa de ônibus compatível com as possibilidades do município. Ele comparou o valor com o de cidades vizinhas (R$ 2,90), destacando que na capital os usuários chegam a fazer quatro viagens por R$ 3. Ele admitiu, porém, que os usuários do sistema municipal de transportes consideram que a tarifa “sempre é cara”.

“Nosso esforço sempre é para fazer a tarifa mais barata possível, porque temos consciência de que para o trabalhador e para o usuário qualquer tarifa sempre é cara”, disse. “O meu partido defende o maior subsídio possível para termos a menor tarifa possível”, afirmou. A seguir, ele sublinhou que o Partido Social Democrático (PSD) sequer foi criado.

As explicações do prefeito foram apresentadas após a entrevista coletiva de lançamento da Virada Cultural 2011. No dia anterior, ativistas contrários ao aumento da tarifa de ônibus foram às ruas de São Paulo, passando por vias expressas, como a avenida 23 de maio, na 11ª quinta-feira consecutiva de protestos.

Na prática, Kassab tentou atribur a argumentos técnicos os motivos por que não aceita negociar redução da tarifa. Em 17 de fevereiro, em reunião com ativistas do Movimento Passe Livre, o secretário-adjunto de Transportes, Pedro Luiz de Brito Machado, afirmou que o reajuste de tarifas de ônibus na cidade havia sido uma decisão política e não técnica.

Durante a coletiva, o prefeito ainda evitou críticas à decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que determinou que a prefeitura apresente, em um prazo de 10 dias, as justificativas do aumento de 11,11%, sendo 5,91% acima do índice de inflação. “Quero cumprimentar o juiz por sua decisão, e evidentemente a prefeitura vai fornecer todas as informações relativas a planilha”, respondeu Kassab.

Desde janeiro, quando a tarifa foi reajustada de R$ 2,70 para R$ 3, membros do MPL e vereadores de partidos de oposição cobram da Secretaria de Transportes a apresentação da planilha de custos. Os dados preliminares obtidos têm, segundo essas lideranças, inconsistências relacionadas ao gasto com combustível entre outros pontos. A administração municipal não divulgou os dados até o momento, o que motivou a ação judicial.

Questionado se haveria risco de vereadores de oposição apropriarem-se do tema e das críticas, Kassab contra-atacou. “É natural que as críticas venham de partidos. Se um partido ou vereador quiser aumentar subsídios de transportes (para baixar a tarifa), ele deve apontar de onde fossem cortados recursos, da Saúde, Educação, recapeamento, construção de creches? Faz parte da democracia, os partidos podem ter visões diferentes”, pontuou.

Na saída do prefeito, dois militantes do MPL esboçaram um protesto, criticando a tarifa de ônibus. Contidos por seguranças, os ativistas ainda viram Kassab sorrir e acenar com as mãos, mostrando um “V”, de “paz e amor”.

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