Presidentes de grandes empresas consideram suficiente a presença de negros e mulheres

Apesar de sub-representação desses segmentos, gestores entrevistados em pesquisa não veem necessidade de ações afirmativas é ignorada por cabeças das maiores corporações nacionais

São Paulo – Apesar de mulheres e negros serem minoria em todos os níveis de grandes empresas, a maioria dos presidentes dessas companhias considera essa presença satisfatória. Segundo pesquisa do Instituto Ethos/Ibope sobre gênero e raça nas 500 maiores empresas brasileiras, 85% dos presidentes veem como adequada a presença desses segmentos no total da empresa.

Apesar de comporem 46,5% da população economicamente ativa (PEA), segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os negros e pardos são apenas 31% do total de funcionários das empresas participantes do estudo. A parcela vai se reduzindo conforme eleva-se o nível hierárquido (25,6% dos supervisores e 13% de gerentes). Entre executivos, a participação é de 5,3%.

Já as mulheres são 43,6% da PEA, enquanto ocupam 33% dos postos de trabalho nas corporações. Entre os diretores de empresas, elas ocupam apenas 13,7% dos postos, sendo que ocorre o mesmo movimento regressivo, à medida que aumenta o nível do cargo.

Paulo Itacarambi, diretor-executivo do Instituto Ethos, vê com preocupação o cenário. “Não há disposição para mudanças”, critica. Ele lembra ainda a falta de interesse em ações afirmativas para reverter o quadro (4% e 3% para mulheres e negros, respectivamente).

Entre as justificativas dos presidentes para explicar por que a presença de mulheres e de negros é baixa estão a suposta falta de qualificação, ausência de interesse e de experiência. As mulheres são preteridas, na visão de 49% dos presidentes, por falta de conhecimento da empresa para lidar com as responsabilidades. Em relação a negros, 61% dos presidentes avalia que falta qualificação profissional.