Alunos da USP ocupam prédio administrativo em Ribeirão Preto

Diretório Central dos Estudantes entende que normativa que restringe atividades no campus é mais uma medida conservadora adotada pela atual reitoria; Coordenador se diz preocupado porque prédio abriga documentos importantes

Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) ocupam o prédio coordenadoria do campus de Ribeirão Preto. De acordo com os alunos, a atitude foi tomada depois de ter sido negada a entrada deles em uma reunião na tarde de quarta-feira (7). Eles apontam ainda o fato de que um ponto que os discentes desejavam discutir ter sido rechaçado. O coordenador do campus afirma que os estudantes protestam “direito a fazer festa e a beber dentro de um campus”.

Entre as reivindicações dos estudantes estão a revogação da exigência, instaurada neste ano, de que todas as atividades realizadas no campus passem por aprovação dos conselhos da universidade e da coordenadoria. “Achamos que isso na verdade é um retrocesso muito grande para a universidade e as coisas que vêm acontecendo nos últimos tempos apontam uma postura muito conservadora para a USP”, afirma Estevão Pascoli, diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), à Rede Brasil Atual.

Pascoli considera que a repressão policial promovida no campus Butantã no primeiro semestre e a punição disciplinar dos participantes da ocupação do prédio da Reitoria da Cidade Universitária em 2007 são sinais do “foco conservador” da atual administração, comandada por Suely Vilela.

O coordenador do campus da USP de Ribeirão Preto, José Moacir Marin, reclama que as atividades administrativas locais estão paralisadas pois o prédio abriga documentos, processos, atos de licitações e provas de concursos públicos. À Rede Brasil Atual, o professor afirma, à  estar em contato direto com a reitoria na capital paulista para definir os próximos passos e garante que a orientação é para negociar sempre, não havendo até o momento prazo para a desocupação.

Marin explica que a normativa que motiva o protesto dos alunos foi editada por uma comissão de segurança que definiu regras dentro do campus. Ele avalia que a ocupação tem como foco principal exigir a realização de festas no local, e argumenta que isso não é possível pela existência de prédios que não podem sofrer com barulho, como hospital e centros de atendimento.

“Na minha época de estudante, a gente pedia mais aula, mais professor, mais livro. Nunca me lembro de a gente ter pedido direito a fazer festa e a beber dentro de um campus. Festa se faz em boate, em clube, não em um campus”, reclama.

Estevão Pascoli, do DCE, sustenta que a manifestação vai além da questão, porque a normativa congela outros tipos de atividades. Ainda assim, ele defende que as festas têm um importante caráter de integração entre os alunos, servindo para que se discutam questões importantes para a universidade.

“Para o Diretório Central dos Estudantes, isso não é um fato isolado. Vem de algum tempo, digamos que o regime está se fechando na USP. Há perseguição a dirigentes sindicais, a estudantes. Há uma disputa de projetos na universidade e a reitoria vem disputando de uma maneira bastante autoritária”, afirma.

Os alunos do campus de Ribeirão Preto realizam ainda nesta quinta-feira (8) uma assembleia para definir se será mantida a ocupação e quais os pontos de reivindicação do movimento, além da revogação da normativa. De acordo com os estudantes, em torno de 60 pessoas passaram a noite dentro da coordenadoria.

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