Violência no campo cresce 24% em 2012, aponta Pastoral da Terra

Número de casos cresceu de 29 em 2011 para 36 no ano passado. Região amazônica concentra casos de assassinatos por conflitos agrários

De 1985 até hoje houve 1.566 mortes no campo, sendo que apenas 72 foram a julgamento (Foto: João Zinclar/Arquivo CPT Nacional)

São Paulo – Os números de violência no campo em 2012 superaram os índices do ano anterior. Um balanço preliminar da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostrou que 36 pessoas morreram no ano passado em razão de conflitos agrários, o que representa aumento de 24% em relação a 2011, quando houve 29 casos.

Assassinatos em Rondônia aumentaram 350% em 2012 em relação a 2011, ainda segundo a CPT. Pela primeira vez em 25 anos, o estado superou o Pará em número de mortes por disputa de terra. Foram nove casos em 2012, contra dois no ano anterior.

Isalete Wichinieski, da coordenação nacional da CPT, explica que a região amazônica sempre foi uma das mais afetadas por conflitos agrários: “Por conta de falta de regularização fundiária, há muita disputa por terra neste espaço que muitos acham que é um espaço vazio. O agronegócio chega e vai tentando se apropriar dessas comunidades, tentando grilar a terra, e a disputa cria esse conflito que está nos números”, disse em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Ela afirma que os dados precisam ser contextualizados historicamente para uma análise mais profunda do que eles significam, de fato. “Há uma metodologia que não é só o registro das pessoas mortas, mas também o histórico do conflito e a natureza dele, o que é importante para as pesquisas que desenvolvemos e para dar visibilidade a estes números e, principalmente, ao rosto das pessoas que sofrem com essa violência.”

A impunidade foi ressaltada por Isalete como um dos fatores que mais contribui para o aumento dos números. “De 1985 até hoje tivemos 1.566 mortes no campo. Desses casos apenas 72 foram a julgamento. É um número insignificante em vista do número de pessoas assassinadas no campo. Isso facilita a continuidade desse conflito.”

Além da concentração fundiária, a ausência de políticas públicas voltadas para a população do campo também é apontada por Isalete como fato causador da violência agrária. “Não há políticas que garantam que esses conflitos possam diminuir, tanto na questão da segurança das pessoas, de segurança pública, como na questão de políticas agrícolas e agrárias que permitam, realmente, que essas pessoas continuem na terra.”

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