Senador quer apuração de atrocidades cometidas contra índios durante ditadura

Brasília – O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) anunciou que apresentará requerimento à Subcomissão da Verdade, da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, para que seja ouvido o […]

Brasília – O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) anunciou que apresentará requerimento à Subcomissão da Verdade, da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, para que seja ouvido o vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais, Marcelo Zelic. Marcelo foi um dos que descobriram, há cerca de duas semanas no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, o Relatório Figueiredo, produzido há 45 anos, que narra atrocidades cometidas contra os índios brasileiros durante o período da ditadura militar.

Ontem (29), o senador defendeu também uma séria apuração pela Comissão da Verdade, instituída para averiguar os atos de violência praticados pelo estado brasileiro. O relatório tem 7 mil páginas e foi redigido pelo já falecido procurador Jáder de Figueiredo Correia, a pedido do então ministro do Interior, o general Albuquerque de Lima. Foi produzido após expedição iniciada em 1967 que percorreu mais de 16 mil quilômetros em 18 estados, tendo passado por mais de 130 postos indígenas.

O relatório, informou Randolfe Rodrigues, narra horrores comparáveis à máquina de guerra nazista. “Vejam que horrores e torturas. Instrumentos de tortura que trituravam tornozelos, práticas de tortura contra crianças indígenas, extermínio de povos inteiros, denúncia de execuções sumárias, atuação de agentes do Estado brasileiro como cúmplices de latifundiários só mostram o nível de prática horrenda que ocorreu durante o período da ditadura”, enumerou.

Entre as atrocidades descritas estão diversos tipos de tortura; caçadas humanas com metralhadoras; dinamites atiradas de aviões; inoculação de varíola em povoados isolados; e doações de açúcar com veneno, além da matança de tribos inteiras.

O senador afirmou que o ministro Albuquerque de Lima recomendou a demissão de 33 pessoas e a suspensão de outras 17, mas os funcionários acabaram inocentados pela Justiça. Em contrapartida, os funcionários que participaram da elaboração do relatório foram demitidos ou trocados de função, “numa clara tentativa da ditadura de esconder o que havia acontecido”.

De acordo com o parlamentar, os únicos registros do relatório até este ano eram reportagens publicadas na época, a partir de uma entrevista coletiva realizada no Ministério do Interior, em março de 1968. A entrevista teve grande repercussão internacional, tendo ganhado destaque em reportagem publicada no jornal norte-americano The New York Times.

Leia também

Últimas notícias