Ato discute democratização da mídia em preparação para o 1º de Maio

Debate em São Bernardo contou com participação de blogueiros, sindicalistas e membros da sociedade para pedir marco regulatório ao setor

São Paulo – A Universidade Metodista de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, recebeu ontem (25) representantes da sociedade, sindicalistas e blogueiros para mais uma rodada de debates sobre a democratização das comunicações no Brasil. O evento foi organizado pelo jornal ABCD Maior,  em parceria com a TVT e a CUT, cujas comemorações do 1º de Maio neste ano, na região, terão como tema principal a reivindicação por um novo marco regulatório para o setor.

O mote das comemorações sindicais no ABC – “Eu quero falar também” – reflete a concentração dos meios de comunicação no país, marcada pela acumulação de emissoras de rádio, tevê, jornais, revistas, sites e editoras nas mãos de grandes grupos empresariais e familiares, que, assim, detêm grande capacidade de influência na opinião pública. Por isso, o Brasil é apontado pela ONG internacional Repórteres Sem Fronteiras como o “país dos 30 Berlusconis”, em referência ao magnata da mídia italiana Silvio Berlusconi.

Um dos participantes do debate foi o jornalista João Brant, do Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação e da executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que ressaltou a importância da comunicação social como espaço de circulação de ideias, valores e cultura. “Se os meios de comunicação não refletem o pluralismo e a diversidade da sociedade, a democracia está ameaçada”, argumentou, lembrando que no dia 1º os movimentos sociais e sindicais brasileiros lançarão um Projeto de Lei de Iniciativa Popular para as Comunicações.

Caso consiga a adesão de 1,3 milhão de pessoas, o texto será enviado ao Congresso Nacional. O documento busca regulamentar alguns artigos da Constituição, como as restrições à propriedade cruzada dos meios e à aquisição de concessões públicas de rádio e televisão por parlamentares e ocupantes de cargos públicos.

O editor do Domingo Espetacular da TV Record e do blog DoLaDoDeLá, Marco Aurélio Mello, falou sobre o episódio da cobertura das eleições 2006, quando trabalhava na Rede Globo. Com 12 anos de trabalho na emissora, Mello foi um dos que defendeu uma cobertura mais equilibrada das eleições e foi demitido no ano seguinte. “Colocamos a boca no trombone e pagamos um preço. A busca é por uma comunicação mais democrática no Brasil. Não podemos permitir que veículos de comunicação decidam a opinião das pessoas”, disse.

O professor de jornalismo da Universidade Metodista Júlio Veríssimo falou sobre a crise de identidade dos jornais impressos e a possibilidade de atuação no jornalismo comunitário. “Temos uma gama infinita de representações nas comunidades que precisam ter voz. Não é só criar jornalzinho e boletim, é atuar para desenvolver políticas de comunicação da entidade e no entorno dela.”

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, lembrou a importância da comunicação na história da entidade e do relacionamento com a imprensa nos momentos de greves sindicais. “Na greve de 1990 da Ford, houve um desgaste de relações com a imprensa, que tratou muito mal a luta dos trabalhadores. Em 1999, a abordagem da imprensa foi de outra forma e fez com que a empresa fizesse um acordo sindical diante do desgaste enorme da imagem”, contou. Marques também falou da conquista histórica da concessão de rádio e da TVT.

Com informações do ABCD Maior

 

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