Morre filho do jornalista Dermi Azevedo, mais uma vítima silenciosa da ditadura

Carlos Alexandre Azevedo foi torturado com apenas um ano e oito meses de idade no Deops, em São Paulo, em 1974. Nunca se recuperou da violência

São Paulo – O Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) emitiu nota na noite de hoje (17) em solidariedade à família do jornalista e cientista político Dermi Azevedo pela morte de seu filho Carlos Alexandre Azevedo. Com apenas um ano e oito meses de idade, ele foi preso e torturado em 1974 com a mãe no prédio do Deops, em São Paulo. Não se recuperou da violência sofrida, e isso culminou na sua morte por suicídio na madrugada de hoje. 

“Hoje a ditadura militar concluiu a morte de Carlos iniciada em tão tenra idade, este acontecimento entristece a todos nós, profundamente e fortalece nosso empenho na luta por Memória, Verdade e Justiça, de forma que a impunidade não continue se perpetuando”, diz a nota.

Dermi Azevedo, militante dos direitos humanos e um dos criadores do MNDH, desabafou em seu facebook. Para ele, o suicídio foi o limite da angústia do filho, de pouco mais de 40 anos.

 
Leia a íntegra:
 
Luto
“Meu coração sangra de dor. O meu filho mais velho, Carlos Alexandre Azevedo, suicidou-se na madrugada de hoje, com uma overdose de medicamentos. Com apenas um ano e oito meses de vida, ele foi preso e torturado, em 14 de janeiro de 1974, no Deops paulista, pela “equipe” do delegado Sérgio Fleury, onde se encontrava preso com sua mãe. Na mesma data, eu já estava preso no mesmo local. Cacá, como carinhosamente o chamávamos, foi levado depois a São Bernardo do Campo, onde, em plena madrugada, os policiais derrubaram a porta e o jogaram no chão, tendo machucado a cabeça. Nunca mais se recuperou. Como acontece com os crimes da ditadura de 1964/1985, o crime ficou impune. O suicídio é o limite de sua angústia. 
Conclamo a todos e a todas as pessoas que orem por ele, por sua mãe Darcy e por seus irmãos Daniel, Estevão e Joana, para que a sua/nossa dor seja aliviada.
Tenho certeza de que Cacá encontra-se no paraíso, onde foi acolhido por Deus. O Senhor já deve ter-lhe confiado a tarefa de consertar alguns computadores do escritório do céu e certamente o agradecerá pela qualidade do serviço. Meu filhinho, você sofreu muito. Só Deus pode copiosamente banhar-te com a água purificadora da vida eterna.
” 
Seu pai

 

 

 

 

 

Dermi 

 

 

Leia também

Últimas notícias