Estudantes da USP denunciados pelo MP articulam protestos com movimentos

Para representantes dos uspianos, denúncia feita ontem (5) pelo MP abre precedente para criminalização de movimentos sociais em todo o país

Alunos relatam violência durante reintegração de posse e negam depredação da reitoria (Foto: Rahel Patrasso/Folhapress)

São Paulo – O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de São Paulo (USP) está articulando com movimentos sociais e sindicatos manifestações em protesto à denúncia da promotora Eliana Passarelli, do Ministério Público do Estado de São Paulo, anunciada ontem (5), contra 72 estudantes que ocuparam a reitoria da universidade em 2011. Os alunos são acusados de pichação, desobediência judicial, danos ao patrimônio público e formação de quadrilha. Entre eles há quatro funcionários da universidade.

Para os representantes dos alunos, a medida é um ataque aos movimentos estudantil e social. “Isso abre precedente para qualquer tipo de criminalização do movimento social no país. Nós sabemos a representatividade da USP”, avalia a representante do DCE Ariele Moreira. “Já entramos em contato com o Conlutas (Central Sindical e Popular), tanto para dar assistência jurídica, quanto para, por meio de seus sindicatos, como o dos metroviários, fazermos uma campanha bem ampla com relação a esse tema”, afirma.

Os estudantes ocuparam a reitoria no dia 2 de novembro de 2011 em protesto contra o convênio firmado em 8 de setembro entre o governo do estado e a Polícia Militar para atuação dentro do campus, cinco meses depois da morte de um estudante dentro da universidade após reagir a um assalto. Segundo eles, o convênio nunca foi discutido com a comunidade acadêmica.

Seis dias após a ocupação, 400 policiais da Tropa de Choque e Cavalaria surpreenderam os estudantes, por volta das 5h, quando dormiam no prédio administrativo. Segundo relatos dos uspianos, a própria polícia depredou o imóvel. Policiais também teriam impedido moradores do conjunto residencial universitário de saírem de seus quartos. Alguns relatam o uso de força e ameaças verbais. 

Os estudantes negam ter produzido ou usado as bombas caseiras apresentadas pela polícia. A suposta presença dos artefatos serviu como um dos principais argumentos contra os estudantes. Ontem, em entrevista ao SBT, a promotora Eliana Passarelli afirmou que “os apetrechos estavam todos montados para ser usados a qualquer momento”. “Então não dá para dizer que nós estamos lidando com estudantes, nós estamos lidando com bandidos.” As declarações foram repudiadas pelo DCE por meio de nota.

“Isso foi só mais um evento da política do PSDB (partido do governador Geraldo Alckmin) em conjunto com o Ministério Público e a Justiça e sua relação com os movimentos sociais, a exemplo do que aconteceu no Pinheirinho (comunidade que foi desapropriada do terreno em que morava, em São José dos Campos, SP, em 22 de janeiro de 2012, com relato de abuso policial)” aponta Ariele.

 

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