SP: comissão da verdade municipal quer interrogar Delfim Netto e Coronel Ustra

A ideia é que o ex-ministro da Fazenda forneça informações sobre empresários que colaboraram economicamente com a ditadura

Presidente João Baptista Figueiredo com o ministro Delfim Netto em janeiro de 1984, em Brasília (Foto: Folhapress/Arquivo)

São Paulo – A comissão da verdade da cidade de São Paulo, instaurada no âmbito da Câmara Municipal,  aprovou hoje (27) a convocação do economista Delfim Netto, ministro da Fazenda durante a ditadura, para fornecer informações sobre o financiamento do regime militar e da Operação Bandeirante. A decisão seguiu sugestão do advogado Fabio Konder Comparato, que participou da reunião do colegiado.

Delfim Netto ocupou a Fazenda durante o chamado Ato Institucional n° 5, que reduziu as liberdades e direitos civis no Brasil. O economista foi um dos ministros que votou favoravelmente à aplicação do AI-5 na reunião do governo que decidiria por sua publicação. Por isso, Fábio Konder Comparato acredita que o depoimento de Delfim irá contribuir nos esclarecimentos sobre as pessoas que colaboraram financeiramente com a ditadura.

“Penso que a comissão municipal da verdade não deve se limitar a ouvir advogados, deputados e agentes políticos”, expressou. “O objetivo dela deve ser desmoralizar a oligarquia dominante e os empresários coligados a militares.” Comparato reafirmou também a importância dos depoimentos de presos políticos e seus familiares. “É preciso mostrar o caráter hediondo da tortura, pois é isso que acaba desmoralizando. Além disso, a tortura continua acontecendo nas delegacias.”

A comissão paulistana da verdade decidiu convocar ainda o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, responsável por torturas durante o regime militar e que recentemente foi reconhecido como ‘torturador’ pela Justiça brasileira em ação movida pela família Teles (que teve dois membros torturados e um desaparecido). O presidente do colegiado, vereador Ítalo Cardoso (PT), disse que as convocatórias ocorrerão a partir de um convênio com a Comissão Nacional da Verdade, única que pode intimar pessoas para prestar esclarecimentos.

Com informações do Portal da Câmara Municipal de São Paulo