Localizada mais uma vítima da repressão policial no Pinheirinho

Ivo Teles dos Santos, de 69 anos, está na UTI de um hospital municipal de São José dos Campos desde o dia 22; acesso a boletim de atendimento é negado

A ação do dia 22 foi alvo de críticas da ONU, de juristas e de ativistas (Foto: Daniel Mello. Arquivo Agência Brasil)

São Paulo – Foi localizada no sábado (4) mais uma vítima da repressão policial cometida durante reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior paulista. Ivo Teles dos Santos, de 69 anos, está em coma na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de São José dos Campos desde o dia 22, quando ocorreu a operação determinada pelo governo Geraldo Alckmin.

Segundo Conceição Lemes, do blogue Vi o Mundo, no sábado Renato Simões, conselheiro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), e o deputado estadual Adriano Diogo (PT) estiveram no hospital e confirmaram que o aposentado está internado. 

“O senhor Ivo foi espancado por policiais militares no dia da reintegração de posse”, denuncia Simões. “Várias testemunhas viram-no ser espancado, depois ser levado para dentro do Pinheirinho.” Ele, vereadores e defensores públicos conversaram com a senhora Osorina Ferreira de Souza, que foi companheira de Ivo durante alguns anos.

Durante a desocupação, a mulher desmaiou. “Só no dia 23, quando foi levada para um dos abrigos da Prefeitura, ela soube que o ex-companheiro tinha sido espancado. Como é muito doente, não teve condições de procurá-lo. Outro ex-morador do Pinheirinho tentou fazer isso por ela, mas não obteve sucesso”, conta o conselheiro, que acrescenta que apenas no final da última semana foi possível localizar o aposentado.

Simões relatou que o hospital se recusou a apresentar cópia do Boletim de Atendimento de Urgência. Após muita insistência, emitiu um relatório assinado pelo médico Luis Carlos Nacácio e Silva dando conta da chegada do ex-morador ao hospital com “quadro confusional e crise hipertensiva”.

“Nós não aceitamos esse relatório, queremos o BAU, que descreve as agressões sofridas  pelo ex-morador do Pinheirinho”, avisa Simões. “No final da tarde, um policial entrou na UTI, perguntando pelo prontuário do Ivo.”

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