Moradores e repórter foram alvo de ameaças e disparos durante ação no Pinheirinho

São Paulo – A repórter da Rádio Brasil Atual Lúcia Rodrigues foi alvo de dois disparos de arma de fogo feitos por um soldado da Guarda Civil Metropolitana de São […]

São Paulo – A repórter da Rádio Brasil Atual Lúcia Rodrigues foi alvo de dois disparos de arma de fogo feitos por um soldado da Guarda Civil Metropolitana de São José dos Campos, durante a ação de reintegração de posse do terreno ocupado do Pinherinho, no domingo (22). Procurada, a corporação não se manifestou a respeito do episódio.

Lúcia fazia a cobertura jornalística da operação policial e colhia depoimentos dos moradores expulsos de suas casas quando foi abordada pelo agente de segurança. Mesmo em ambientes de guerra, o trabalho de jornalistas deve ser respeitado. Mas mesmo depois de identificar-se como jornalista, mostrando gravador e credencial, além de permanecer imóvel e de braços erguidos, o guarda civil sacou a arma, apontando-a para a jornalista.

“Quando vi que ele ia atirar, virei-me e comecei a correr. Eu estava mais à frente, mas tinham moradores comigo”, relata. Lucia conta ainda que só soube que tinha escapado momentos depois. “Quando vi que tinha saído do raio de tiro do policial, comecei a gravar o que estava acontecendo e um dos moradores veio me falando ‘Ele atirou!’. Acabei sabendo por testemunhas que o guarda disparou contra mim duas vezes.”

A jornalista narra ainda que viu uma mulher grávida cair durante o corre-corre. “Não sei se ela foi atingida ou se tropeçou. Ela foi levada para o hospital, mas é impossível confirmar o que aconteceu com ela depois”, lamenta.

Refugiados

Lucia Rodrigues foi ao Pinheirinho depois de ter recebido um telefonema relatando que, diferentemente do que havia sido acordado entre os moradores e as autoridades locais, de uma trégua de 15 dias no processo de reintegração, a polícia havia invadido o local para expulsar a população.

Quando chegou lá, segundo relata, o que viu foi uma ação estruturada contra a população, surpreendida pela truculência da operação. “Era uma verdadeira operação de guerra. Carros blindados, muitos soldados armados, helicópteros, cães. As pessoas que saíam do Pinheirinho eram levadas pelos policiais até um ginásio perto do local, pareciam refugiados.”

Lúcia colheu depoimentos de habitantes do terreno de 1 milhão de metros quadrados, pertencente à massa falida de uma empresa de Naji Nahas, um especulador que chegou a ser investigado na operação Satiagraha, da Polícia Federal, em 2008.