Movimento de moradia de São José não acredita em casas prometidas por Alckmin

Membro da Associação de Favelas de São José dos Campos, Cosme Vitor, disse que alojamentos da prefeitura são verdadeiros campos de concentração

São Paulo – Depois da contestada reintegração de posse promovida pela Polícia Militar na região do Pinheirinho, em São José dos Campos, o governo estadual de São Paulo anunciou esta semana a construção de 5 mil moradias no muncípio. O coordenador estadual da Central de Movimentos Populares e membro da Associação de Favelas de São José dos Campos, Cosme Vitor, disse que o governador Geraldo Alckmin está “jogando para a a torcida” e duvidou que as unidades sejam entregues.

De acordo com o divulgado pelo governo paulista, as unidades habitacionais são uma parceria entre os governos federal (Programa Minha Casa, Minha Vida), estadual (CDHU e Casa Paulista) e municipal. A Secretaria de Habitação informou também que a Prefeitura de São José dos Campos já reservou um terreno para a construção de 1,1 mil moradias populares. No entanto, Cosme Vitor assegurou que a área não suportará as construções.

“O terreno que o prefeito prometeu é uma área de preservação permanente (APP), uma área de brejo. Não tem nada nem para as 500 pessoas que já estão lá, imagina se vão conseguir fazer unidades novas”, disparou o coordenador. Ele garantiu que as famílias precisam dos recursos, mas querem suas casas na região do Pinheirinho.

Cosme também duvidou que o chamado aluguel social, no valor de R$ 500, seja distribuído pela prefeitura e pelo governo estadual, conforme prometido. “Se há dois anos a prefeitura negou o auxílio para 240 famílias que se encontravam na mesma situação, imagina agora que tem de pagar para mais de mil famílias”, teorizou.

O auxílio foi garantido a todas as famílias carentes cadastradas na prefeitura – cerca de 1,1 mil até esta sexta-feira (27). A duração do benefício, segundo o governo paulista é de, no máximo, seis meses, podendo ser prorrogado até as famílias receberem o atendimento habitacional por definitivo.

Situação dramática

De acordo com Cosme, as famílias foram dirigidas a alojamentos que lembram verdadeiros campos de concentração. “Está dormindo todo mundo junto, cachorro, adulto, criança, homem, mulher, todo mundo no relento”, descreveu.

Ele contou que a prefeitura municipal distribuiu pulseiras de identificação aos ex-moradores do Pinheirinho, mas o temor da polícia está impedindo os desabrigados de andarem pelas ruas mais distantes dos alojamentos. “Quem sai na rua com aquelas pulseirinhas apanha. Eu conheço gente que apanhou da polícia só porque estava usando a pulseirinha”, relatou.

A Rede Brasil Atual procurou a Secretaria Estadual de Habitação buscando saber o porquê de as moradias não haverem sido garantidas antes da reintegração de posse. No entanto, não foi enviada nenhuma resposta.

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