Deputados cobram R$ 170 milhões de Alckmin para combate a drogas

Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack apresenta ao governador proposta de emenda ao Orçamento de 2012

Alckmin (ao centro) reafirmou aos parlamentares que prepara megacampanha contra as drogas e que quer o fim da cracolândia (Foto: Arquivo/RBA)

São Paulo – A Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, formada por deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo, defende a instalação de pelo menos uma unidade do Centro de Referência de Álcool e outras Drogas (Catrod) em cada uma das 15 regiões administrativas do estado. Os deputados apresentaram ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) na quarta-feira (30), no Palácio dos Bandeirantes, proposta de emenda ao Orçamento-2012 no valor de R$ 170 milhões para serem aplicados no combate às drogas.

Os parlamentares cobraram políticas públicas de combate ao consumo e tráfico de drogas. Eles apresentaram dados considerados “alarmantes” pelo deputado Donisete Braga (PT), que preside a frente. Em 50 municípios paulistas com população de até 100 mil habitantes, o consumo de crack já se equipara ao de bebidas alcoólicas.

A reunião com os deputados foi um primeiro encontro sobre o crack depois de o governador admitir a possibilidade de enviar dependentes de drogas encontrados na capital paulista para suas cidades de origem. Segundo um censo junto à população de rua em São Paulo, ainda não divulgado pela prefeitura, um contingente significativo dos usuários do entorpecente que frequentam a região da Luz, taxada como cracolândia, no centro da capital paulista, é imigrante. A hipótese é criticada pela Pastoral do Povo de rua por ter um caráter “higienista”, e por não tratar a questão sob a ótica da saúde pública, mas apenas da “limpeza social”.

O governador reafirmou aos deputados que está preparando uma megacampanha de combate às drogas, incluindo todas as pastas. Alckmin disse que depois de atacar o problema do álcool, agora as atenções estão voltadas para as drogas. E repetiu que um dos passos mais importantes será acabar com a cracolândia, que é um ponto de referência muito negativo para São Paulo.

Para Donisete Braga, a injeção de recursos financeiros pode ajudar a diminuir a “situação epidêmica” vivida no estado. “O mais importante do encontro foi a apresentação da emenda já que não temos recursos para fortalecer as políticas, programas e ações dos municípios”, explicou.

Para Braga, o trabalho de recuperação de usuários de drogas realizado pela iniciativa privada é mais eficiente que o do estado. “As clínicas particulares possuem mais condições, informações, orientação, priorizam mais o tema. O Orçamento de São Paulo não prevê recursos para políticas de combate e prevenção. Sem recursos, como os municípios podem atuar?” Segundo o deputado, a criação de mais Catrods contribuiria para que o cumprimento do dever constitucional do governo de oferecer soluções para esse grave problema social e de saúde pública.

“O Cratod possui psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras. É uma porta de entrada para o dependente que quer sair do mundo das drogas”, explicou. Atualmente, o estado só tem uma unidade do centro de referência, instalada na região central da capital.

O alto preço do tratamento tem explicação para o deputado. “É caro porque não se faz uma política de prevenção. Um dependente químico para ser recuperado demora de seis a 12 meses, quando não tem as recaídas, então isso é bastante caro. Mas se o estado investisse, cuidasse direito, o valor cairia muito”, concluiu.

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