Ministros se reunirão com 15 ambientalistas ameaçados de morte

Rio de Janeiro – O recrudescimento da violência contra ambientalistas na Amazônia, simbolizado pelo assassinato de cinco pessoas em pouco mais de uma semana, traz novamente à tona a discussão […]

Rio de Janeiro – O recrudescimento da violência contra ambientalistas na Amazônia, simbolizado pelo assassinato de cinco pessoas em pouco mais de uma semana, traz novamente à tona a discussão sobre a tradicional impunidade dos pistoleiros e seus mandantes. Mesmo com o anúncio, feito pelo governo, de uma operação policial de grandes proporções que será realizada nos estados amazônicos, as lideranças alertam que a violência contra os trabalhadores rurais só será sanada quando forem de fato implementadas políticas públicas que garantam a proteção da floresta e o desenvolvimento econômico sustentável da região.

Esse alerta será levado na próxima terça-feira (7) ao grupo interministerial encarregado pela presidente Dilma Rousseff de tomar medidas para evitar mais assassinatos na Amazônia. Organizado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), entidade na qual militava o casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, morto a tiros no dia 24 de maio, o encontro em Brasília terá as presenças dos ministros Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), Maria do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social).

O encontro com os ministros terá a presença de 15 lideranças ameaçadas de morte que estão na lista de 30 nomes entregues pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) à ministra Maria do Rosário na semana passada. “Vamos levar a Brasília não uma lista de trabalhadores que estão sob ameaça, mas os próprios trabalhadores. Vamos levar essas lideranças da floresta para eles mesmos darem seus depoimentos aos ministros”, afirma Fani Mamede, integrante da rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), que agrega mais de 600 organizações socioambientalistas da Amazônia e também participa da organização do encontro.

Os ambientalistas pretendem pedir ao governo uma implementação de ações que vá além das questões de segurança. “A partir das demandas da realidade do campo e da floresta na Amazônia, vamos definir as grandes ações que são necessárias na região. A proposta é ter uma reunião pró-ativa para que o governo saiba o que está acontecendo e possa definir políticas que contenham essa violência. Não adianta encher de polícia a Amazônia para que não aconteçam mais crimes se nenhuma ação estruturante for realizada para conter isso no futuro. Essa é a preocupação que o movimento trará para essa reunião”, diz Fani.

Na quarta-feira (8), as 15 lideranças ameaçadas de morte irão ao Congresso Nacional para conversar com deputados e senadores e apresentar suas demandas. “É preciso atingir outras frentes, além do Executivo. Vamos discutir com os parlamentares as políticas desenvolvidas para as populações, povos e comunidades tradicionais na Amazônia. A violência acontece porque as políticas públicas e as ações das diversas esferas de governo não estão integradas. As demandas dessas comunidades simplesmente não são atendidas ou então não são atendidas a contento dentro desses programas, dessas políticas públicas que estão em implementação”, diz a representante do GTA.

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