Marta Suplicy defende kit antipreconceito para escolas

Senadora defende mudança de nome do projeto que criminaliza a homofobia

São Paulo – Um kit completo que contemple questões como racismo, homofobia, gênero e outras minorias deveria ser produzido e adotado pelas escolas, na opinião da senadora Marta Suplicy (PT-SP). A declaração foi feita após a coletiva da Parada LGBT, no domingo (26). Para ela, a polêmica recente com o material do Ministério da Educação a respeito da orientação sexual mostra que o país ainda precisa avançar no debate.

Marta comentou que foi convidada,  no governo de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo (1988-1992), pelo então secretário da Educação Paulo Freire a implantar um projeto de orientação sexual nas escolas. Segundo ela, a iniciativa foi discutida com  pais e equipes escolares, que aprovaram e implantaram a ideia. Houve, inclusive, redução da ocorrência de gravidez entre as adolescentes.

“Essa discussão sobre  sexualidade já é antiga aqui em São Paulo. E só agora há essa polêmica com o Ministério da Educação. Isso mostra o quanto o país está atrasado nessa questão”, apontou a senadora.

No final de maio, a presidenta Dilma Rousseff desistiu de distribuir o kit anti-homofobia alegando não concordar com o conteúdo dos vídeos do material. O deputado federal Anthony Garotinho (PR) e membros da Frente Evangélica da Câmara consideraram que o material estimularia crianças a se tornarem gays ou lésbicas. Marta considera que o episódio foi mal encaminhado e que o assunto é muito delicado. Por isso, propõe a reconsideração do tema.

“Assim como hoje os homossexuais são tratados de uma maneira diferente do que há dez anos, há também uma parcela das nossas crianças e jovens que são homofóbicos sem ao menos saber o que é isso. Não é à toa que o Ministério da Educação tomou a atitude de fazer um kit nesse sentido”, comentou a senadora.

Projeto de Lei 122

Marta defendeu ainda a mudança no nome do Projeto de Lei 122 , que criminaliza a homofobia, para que seja aprovado no Congresso. “Já temos um conteúdo (do projeto) acordado entre as lideranças religiosas. O problema é que depois que eles (os opositores) demonizaram a proposta por 10 anos, fica difícil agora dizer aos fieis que são favoráveis ao PL 122. Vários setores têm seu preconceito baseado no nome e não no conteúdo do 122″, avaliou.

Segundo a senadora, a mudança de conteúdo discutida com a Frente Evangélica foi no artigo 20 do projeto, que antes era muito complexo e agora estipula penalidade para as pessoas que induzirem a violência contra homossexuais. “Os religiosos aceitaram a  mudança porque essa indução terá que ser provada para a abertura de um processo”, diz. Ela adiantou que não deverá apresentar o projeto – isso deverá ser feito por alguém da oposição.