Suspeito de matar camponês em Rondônia é preso
Familiares cobram proteção para evitar novos crimes e relatam que dois homens armados foram detidos durante a cerimônia fúnebre de Adelino Ramos
Publicado 30/05/2011 - 13h12
São Paulo – A Secretaria de Segurança Pública de Rondônia anunciou a prisão de Ozeas Vicente, suspeito de assassinar o camponês Adelino Ramos, o Dinho. Os detalhes sobre a detenção, ocorrida na manhã desta segunda-feira (30) em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho, serão fornecidos ainda nesta segunda em entrevista coletiva.
Ainda não se sabe se a Polícia Civil conseguiu avançar nas investigações sobre o envolvimento de outras pessoas no crime, em especial em relação a mandantes. Vicente foi visto pela esposa de Adelino Ramos, que presenciou o assassinato ocorrido na sexta-feira (27) ao lado das duas filhas, uma de seis anos e outra de dois.
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Dinho integrava o Movimento Camponês Corumbiara e morava no Assentamento Agroflorestal Curuquetê, no município de Lábrea, na divisa de Amazonas com Rondônia. Ele havia denunciado a atuação de madeireiros na região, e por isso parentes e amigos acreditam que o crime se trate de vingança.
Sob tensão
Além disso, Dinho era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, comandado por fazendeiros e policiais contra trabalhadores rurais sem-terra em 1995. Na ocasião, a investigação conduzida pela Polícia Militar indicou que ele e o filho, Claudemir, eram líderes do movimento, e por isso ambos acabaram processados. Dinho conseguiu se livrar do julgamento, mas Claudemir foi condenado a oito anos e seis meses de prisão. Ele é considerado foragido desde 2004, mas cobra um novo julgamento por conta da frágil apuração conduzida pelo Ministério Público Estadual, fato anotado até mesmo pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
O sepultamento ocorrido domingo (29) em Theobroma, no interior de Rondônia, transcorreu sob tensão. A Polícia Civil confirmou a versão apresentada por testemunhas à Rede Brasil Atual de que dois homens foram presos com espingardas e revólveres quando o cortejo se encaminhava ao cemitério. A dupla alega que a farta munição havia sido usada em uma caçada na mata, versão que está sendo investigada.
Os familiares de Dinho pedem proteção policial para evitar que sofram ameaças e que ocorram novas mortes. “Não tem segurança nenhuma. Não tem nada”, reclamou um parente em conversa telefônica. “Não dá para confiar porque vê o que fizeram com meu pai. O governo não forneceu proteção nenhuma para o meu pai e o que acabou acontecendo com ele.” Desde 2009 o camponês denunciava as ameaças que vinha sofrendo.
Colaborou Guilherme Amorim.