Começam exumações em cemitério da zona leste de SP em busca do corpo de Virgílio, o comandante Jonas

Buscas em campo foram iniciadas novamente com menos frentes (Foto: Maurício Morais/Arquivo – 30/11/2010) São Paulo – As equipes que trabalham nas buscas por desaparecidos políticos da ditadura militar (1964-85) […]

Buscas em campo foram iniciadas novamente com menos frentes (Foto: Maurício Morais/Arquivo – 30/11/2010)

São Paulo – As equipes que trabalham nas buscas por desaparecidos políticos da ditadura militar (1964-85) no cemitério de Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, iniciaram uma série de exumações nesta terça-feira (22). O objetivo é tentar localizar o corpo de Virgílio Gomes da Silva, morto em 1969 por agentes da repressão.

Peritos da Polícia Federal removeram três ossadas encontradas em sepulturas onde já haviam localizado, em novembro, um ossário clandestino e os restos mortais que podem ser de outro militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Os trabalhos são feitos em conjunto com o Ministério Público Federal, a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e o Instituto Médico Legal. As buscas foram motivadas pelo Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo e o Sindicato dos Químicos de São Paulo, que ingressaram com ação em parceria com a família de Virgílio.

Morto durante sessão de tortura na capital paulista, o comandante Jonas, como era conhecido na ALN, comandou a organização política do sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, e acabou detido poucos dias após a operação. Esta semana, os trabalhos do Instituto Nacional de Criminalística da PF têm como foco a busca da ossada de Virgílio e a expectativa é que a atividade dure até sexta-feira (25).

“Temos relatos e dados antropológicos que nos permitem identificar o Virgílio. Por isso, nem todas as ossadas serão analisadas, porque esses dados nos permitem eliminar algumas hipóteses”, afirmou nesta terça Eugênia Gonzaga, procuradora da República em São Paulo.

Em novembro, durante a primeira etapa dos trabalhos de campo, havia dúvida quanto à localização exata da sepultura de Virgílio e os policiais preferiram voltar à análise dos mapas para eliminar possibilidades. A grande questão é que, ainda durante o período da Ditadura, foi promovida uma ampla desconfiguração do maior cemitério da América Latina, com mudança na numeração das quadras e alteração dos locais de sepultamento, além do plantio de árvores. A utilização de mapas anteriores ao fim da década de 1960 permitiu chegar à localização aproximada da cova onde o corpo do comandante Jonas teria sido ocultado.

Por conta dessa descaracterização, as instituições envolvidas sabem que a localização de outros militantes enterrados no local é muito difícil. A sugestão que tem sido bem recebida pelas partes é a construção de um memorial, no cemitério, em homenagem às vítimas da ditadura. 

“Muitas famílias estão ligando para o grupo querendo saber se existe a possibilidade de seus parentes estarem entre essas ossadas. Estamos pedindo que essas pessoas entrem em contato conosco para que possamos dar a orientação necessária para que eles possam passar por esse processo de investigação e exumação”, ponderou Lúcio França, advogado do Tortura Nunca Mais. 

 

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