São Paulo Fashion Week cumpre acordo e abre espaço a modelos afrodescendentes

Educafro parabenizou os organizadores do desfile e propôs um maior índice de participação negra, além de igualdade nos cachês

No SPFW, ao menos 10% dos modelos devem ser negros, afrodescendentes ou indígenas, determinou o Ministério Público (Foto: Agência Fotosite/Divulgação SPFW)

São Paulo – Prestes a completar 15 anos, a São Paulo Fashion Week (SPFW) aceitou cumprir um termo de ajuste de conduta (TAC) assinado junto ao Ministério Público do estado. Pelo acordo, a organização do evento, um dos mais importantes desfiles de moda do mundo, garante que 10% dos modelos que se apresentassem no evento sejam negros ou negras. Para a ONG Educação e Cidadania de Afro-descendentes e carentes (Educafro), a medida é louvável, mas insuficiente.

Em carta, o diretor-executivo da entidade, Frei Davi Santos, agradeceu aos organizadores das edições de 2009 e 2010 pelo cumprimento do TAC que determinava um número mínimo de modelos afrodescendentes. Ele, porém, acredita ser ainda muito inexpressiva a inclusão “tendo em vista a quantidade de modelos afrodescendentes disponíveis para o mercado”, explica o texto contido na carta.

A proposta do ativista dobrar a proporção de modelos afrodescendentes. “Se o IBGE revelou que a porcentagem atual da população negra no Brasil é de 51,3%, porque a SPFW não dá mais um salto e assume o compromisso nesta edição de 2011 de ampliar para 20% o índice de negros/as? Mas não é o bastante: queremos também a garantia de igualdade de cachê entre os/as modelos afrodescendentes, indígenas e brancos/as”, escreve a carta.

A Educacafro também interpretou a ação como uma forma de conscientização da população sobre a necessidade de combater todos os tipos de discriminação. “É preciso exterminar qualquer situação de discriminação contra a comunidade negra e demais carente”, conclui a nota.