Com vetos, lei que institui Política Nacional de Mudanças Climáticas é sancionada

Proibição de contingenciamento de recursos e questões relacionadas à redução do uso de combustíveis fósseis foram retirados do texto. Em janeiro, reuniões definem metas setoriais de redução de emissões

Imagem de satélite da região amazônica, onde meta de redução de desmatamento é de até 39% até 2020 (Foto: Nasa/Wikipedia)

A lei que estabelece a Política Nacional de Mudanças Climáticas foi sancionada nesta segunta-feira (28) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com três vetos. Um dos pontos diz respeito proibia o contingenciamento de recursos previstos para ações de enfrentamento das alterações climáticas e outros dois tratavam da redução de combustíveis fósseis na matriz energética do país.

O presidente esteve reunido com os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e das Minas e Energia, Edison Lobão, para discutir o tema. Aprovada pelo Congresso no final de novembro, o texto prevê medidas de redução de 36,1% a 38,9% no nível de desmatamento até 2020 e a criação do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima.

Minc afirmou que a retirada do artigo que previa a proibição do contingenciamento de recursos orçamentários ocorreu por motivos técnicos. A lei não poderia dispor o tema.

O Ministério de Minas e Energia demandou ainda o veto de dois trechos, relativos a diminuição do uso de combustíveis fósseis. O primeiro, dizia respeito aos estímulos ao desenvolvimento e ao uso de tecnologias limpas com paulatino “abandono” do uso de fontes energéticas não-renováveis, como petróleo, gás natural e carvão mineral. O problema estava no uso do termo “abandono” em vez de tratar da substituição.

O artigo 10, também eliminado do texto sancionado, definia a forma como a substituição de matriz energética seria feita, já que apenas usinas hidrelétricas de pequeno porte estavam incluídas, conforme explicou Minc a jornalistas.

A lei determina a elaboração de um decreto com as metas que cada setor deverá assumir  para contribuir com a redução das mudanças climáticas. A partir de 15 de janeiro, serão realizadas reuniões entre governos e sociedade civil – incluindo acadêmicos, empresários de áreas como construção civil, mineração, setor agropecuário, indústria de bens de consumo, de serviços de saúde e transporte público, além de ONGs – para discutir as metas que constarão no decreto presidencial.

“A determinação já era anterior que houvesse participação das áreas científica e acadêmica, da área empresarial e dos estados. Agora, o presidente já deu a orientação concreta de tocar isso”, disse Minc em entrevista por telefone à Agência Brasil.

A lei mantém a meta de redução das emissões nacionais de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020. “Vamos ter metas, mesmo que Copenhague não tenha sigo tão bem-sucedida”, afirmou Carlos Minc.

O próximo passo será definir com a Casa Civil da Presidência da República quem será convidado para participar das reuniões, que deverão se estender pelos primeiros meses de 2010, “até para fundamentar o decreto”, segundo Minc. Depois, os encontros deverão ocorrer em intervalos de tempo maiores, para acompanhamento das ações definidas, explicou o ministro.

Disputa

Lobão e Minc envolveram-se em uma disputa por meio de declarações à imprensa a respeito do licenciamento ambiental da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu. Durante o encontro com o presidente Lula, o tema não veio à tona, mas os ministros foram questionados a respeito.

“Quem quer fazer as obras quer que elas aconteçam e é razoável isso, não acho que não seja razoável. Agora, nosso papel não é ser pautado apenas pelo ritmo de quem quer fazer, porque tem as leis, a saúde, os rios, os índios. Temos que ver os dois lados”, afirmou Minc.

No último dia 23, o ministro de Minas e Energia disse que está praticamente “mendigando” ao Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a licença para Belo Monte. A usina está projetada para ter potência instalada de 11 mil megawatts, a segunda maior do Brasil, atrás apenas da Hidrelétrica de Itaipu, no Rio Paraná, que tem 14 mil megawatts.

Com informações da Agência Brasil

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