Debate sobre documento final da Rio+20 trava e exige negociação extraordinária

Como em eventos anteriores sobre a questão climática, o consenso entre os países que integram a ONU é difícil (Foto: Eskinder Debebe.ONU) São Paulo – Terminou sem acordo a nova […]

Como em eventos anteriores sobre a questão climática, o consenso entre os países que integram a ONU é difícil (Foto: Eskinder Debebe.ONU)

São Paulo – Terminou sem acordo a nova rodada de negociações dos países que vão participar da Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada em junho na capital fluminense. Após uma semana de conversas na sede das Nações Unidas, em Nova York, as nações acertaram a realização de uma conversa extraordinária entre 29 de maio e 2 de junho, a última antes do evento.

Os países envolvidos nas conversas conseguiram diminuir o número de páginas do chamado “draft zero”, o rascunho da declaração final da conferência, que ocorre vinte anos após a chamada Eco-92, maior encontro internacional sobre a questão ambiental realizado até hoje. Mas, para as organizações da sociedade civil, o documento mantém o defeito de abordar apenas intenções, sem chegar a ações efetivas. 

Em entrevista coletiva realizada após o encerramento das negociações, o diretor executivo do Greenpeace no Brasil, Marcelo Furtado, afirmou que está havendo uma “lavagem cerebral” e que é “inaceitável (admitir) compromissos voluntários”, sem responsabilidades para cada nação. Para ele, ao avaliar o que foi feito nos últimos 20 anos, os negociadores decidiram pedir outros 20 começar a agir. “O documento precisa receber um tratamento político”, disse Furtado. “Minha maior preocupação é a falta de prioridade e de liderança.”

O boliviano Adrian Fernandez, da Earth in Brackets Youth, considera que as negociações estão muito lentas, sem concessões e com as defesas apenas dos próprios interesses. “Eles dizem que não há dinheiro. Dizemos que há, mas está no lugar errado.” Fernandez critica ainda os rumos das discussões sobre a Rio+20. “Parece que mudamos para economia verde e que o desenvolvimento sustentável tornou-se secundário.”

Proposta em 2007 pelo Brasil, a Conferência para o Desenvolvimento Sustentável tinha a intenção de avançar nos acordos fechados em 1992 ou acertados nos anos seguintes em decorrência das negociações iniciadas no Rio de Janeiro. Segue-se, por exemplo, sem um substituto para o Protocolo de Kyoto, que limita as emissões de gases que provocam o efeito-estufa – até hoje sem a adesão de Estados Unidos e China. O governo brasileiro esperava reunir na capital fluminense mais chefes de Estado que os recebidos na edição anterior (108), mas a falta de sinalização sobre um compromisso efetivo tem indicado que este número pode não ser alcançado. 

Com informações da ONU.