Bruno Covas comete equívoco em debate sobre sacolinhas

Secretário do Meio Ambiente de São Paulo demonstrou saber pouco sobre o impacto ambiental dos plásticos

São Paulo – Ao defender o fim da distribuição gratuita das sacolinhas pelos supermercados, o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas, equivocou-se na tarde desta segunda-feira (23). “O saco de lixo é mais apropriado (para acondicioná-lo). Tem um período de degradação menor que a sacolinha”, afirmou, respaldando a informação em “estudos da Cetesb”, a agência ambiental paulista. 

O escorregão de Covas aconteceu durante debate promovido pelo jornal Folha de S. Paulo, que discutiu o acordo entre governo estadual, prefeitura de São Paulo e Apas, entidade paulista que reúne os maiores supermercados.

Pelo acordo, que entra em vigor nesta quarta-feira (25), os varejistas deixarão de fornecer gratuitamente ao consumidor sacolas para transporte das compras.

Conforme o engenheiro químico Miguel Bahiense, diretor-executivo do Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, é lamentável ouvir tal afirmação de um secretário do Meio Ambiente. “Sendo produzidos com o mesmo material, ambos (sacolinhas e sacos de lixo) levam o mesmo tempo para serem degradados pela natureza.” A diferença, segundo ele, é que os sacos específicos para o lixo não são acessíveis para uma parcela considerável da população, além de não serem reutilizáveis.

Durante o debate, críticos do acordo expuseram os problemas no descarte e coleta do lixo doméstico que já estão acontecendo em cidades nas quais os supermercados não estão distribuindo sacolinhas. Caixas de papelão, que estão sendo oferecidas nos mercados, não resistem à umidade, deixando o lixo espalhado e até mesmo ficando impróprias para serem recicladas. Sem contar a contaminação dessas caixas pelos produtos que acondicionam originalmente, como inseticidas, colocando em risco a saúde de quem as usa no transporte dos alimentos que acabou de comprar. 

Além de Covas e Bahiense, estiveram presentes ao debate o presidente da Apas, João Galassi – que não respondeu sobre quanto os supermercados deverão lucrar com a venda de sacolas ditas ecológicas – e o secretário-geral do Sindicato dos Químicos de Guarulhos e Região e presidente do Idecon (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor), Reginaldo Araújo Sena.

Sena destacou que o acordo para redução da circulação das sacolinhas é mais uma questão legal do que ambiental. “O consumidor tem o direito à embalagem gratuita para transportar o que compra”, garantiu.

Segundo ele, os supermercados que aderirem ao acordo coordenado pela Apas, deixando de oferecer as sacolas gratuitamente, vão figurar numa lista de varejistas “ilegais”. Estão marcadas para esta terça-feira (24) manifestações em diversos supermercados para advertir o consumidor quanto aos seus direitos.

 

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