Líderes extrativistas são assassinados no Pará

Dilma pede que Polícia Federal investigue o crime

São Paulo – O líder extrativista paraense José Claudio Ribeiro da Silva e sua esposa Maria do Espírito Santo da Silva foram assassinados na madrugada desta terça-feira (24). O crime ocorreu um uma estrada no município de Nova Ipixuna, no Pará. José Cláudio, castanheiro e líder extrativista, denunciou diversas vezes a ação ilegal de madeireiros na região. O casal vinha recebendo ameaças desde 2008.

Maria e José Cláudio eram Integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes. Desde que começaram a viver juntos, mostravam que era possível conviver com a floresta, de forma sustentável. “O terreno deles tinha aproximadamente 20 hectares, mas 80% era área verde preservada”, conta Clara Santos, sobrinha de José Cláudio Silva.

Para Atanagildo Matos, diretor da Regional Belém do CNS, a morte de José Cláudio e Maria da Silva é uma perda irreparável. “Eles nos deixam uma lição, que é o ideal dos extrativistas da Amazônia: permitir que o ‘povo da floresta’ possa viver com qualidade, de forma sustentável com o meio ambiente”, diz Matos.

Ao saber do assassinato, a presidenta Dilma Rousseff determinou que a Polícia Federal investigue o crime. O pedido foi feito ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que ele tomasse as providências necessárias.

O site da ONG Greenpeace associou o fato ao dia da votação do novo Código Florestal. Envolvido em polêmica, críticos da mudança afirmam que, com sua aplicação, desmatadores poderiam ser anistiados, podendo intensificar a devastação principalmente na região Amazônica, o que contribuiria para intensificar conflitos rurais. “De nada adiantou seu alarde. Mais uma vez a voz do povo da floresta não foi ouvido”, diz o texto no site.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) escreveu em seu Twitter:  “Querem decepar o Código Florestal e também decepam vidas no Pará. Vidas que denunciavam madeireiros”. Alencar também escreveu que José e Maria, os líderes paraenses, defendiam a floresta e seu povo e estavam na lista dos “marcados para morrer”, mas o Estado não os protegeu, denunciou o deputado.