SUS gasta R$ 500 milhões com doenças decorrentes da obesidade

Um quarto dos gastos públicos vai para a cobertura das complicações trazidas pela obesidade mórbida, a que mais avança entre brasileiros. Governo anuncia medidas de prevenção, cuidados e reabilitação

O ministro Alexandre Padilha, com parte da equipe, anuncia políticas sociais para cidadãos com problemas relacionados a excesso de peso (Antonio Cruz/ABr)

São Paulo – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou hoje (19) medidas para a prevenção da obesidade, bem como para o cuidado integral e reabilitação, por meio de cirurgia, de pessoas com a forma grave da doença – a chamada obesidade mórbida, a que mais cresce entre os brasileiros. Dados de uma pesquisa recente da Universidade de Brasília (UnB) para avaliar o impacto das doenças associadas ao excesso de peso (diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer) no sistema público de saúde revelam que o SUS gasta todo ano cerca de R$ 500 milhões com essas despesas. E que os gastos no tratamento da obesidade mórbida e suas complicações consomem 25% desse valor. As finanças pessoais também são duramente afetadas. Estima-se que os gastos com saúde de um obeso mórbido sejam até 60 vezes maior que os de uma pessoa obesa, mas sem gravidade

Um levantamento do Ministério da Saúde feito em 2011 revelou que a proporção de obesos subiu de 11,4% para 15,8% entre 2006 e 2011. E a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2009 apontou que 21,7% dos brasileiros que têm entre 10 e 19 anos apresentam excesso de peso, sendo que em 1970 esse índice era de 3,7%. Conforme os dados, 1,14% das mulheres e 0,44% dos homens apresentam obesidade grave, o equivalente a 0,8% da população. Ao todo, 14,8 milhões de brasileiros são obesos – correspondente à metade dos obesos dos Estados Unidos.

Entre as ações apresentadas estão o aumento do número de nutricionistas, psicólogos e educadores físicos nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) em todos os municípios brasileiros; a ampliação da rede de hospitais credenciados para a realização de cirurgia bariátrica pagas pelo SUS; o aumento na tabela de reembolso de exames pré-operatórios; a inclusão de  procedimentos para o acompanhamento da saúde do paciente até um ano e meio depois da cirurgia; e o estabelecimento de novos critérios, como idades máxima e mínima e a necessidade de avaliação de pelo menos dois especialistas sobre o custo/benefício do procedimento cirúrgico para a saúde e bem estar da pessoa obesa. Em 2012 foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde mais de 6 mil cirurgias bariátricas, ao custo total de R$ 32 milhões.

“O pior caminho para tentar enfrentar a obesidade é culpar o indivíduo. Temos de oferecer políticas e novas condições para o enfrentamento”, disse Padilha, destacando que o ganho de peso é maior entre as camadas da população de menor renda e escolaridade. “Não esperamos que o obeso mórbido volte a recuperar seu peso normal, mas oferecer a ele novas possibilidades de vida, com acesso à atividade física e cuidados que impeçam o avanço da doença e a necessidade de uma cirurgia bariátrica.”

Segundo o ministro, há diversas ações em curso para impedir o avanço da obesidade e suas complicações. Ele destacou a prevenção à obesidade na infância e na adolescência, que têm o excesso de peso como o principal problema de saúde, por meio do programa Saúde na Escola. Em 2012 o programa chegou a 1900 municípios, aumentando neste ano para 3900, com mais de 42 mil escolas participantes. A ideia agora é envolver as creches. Padilha mencionou ainda as academias da saúde como estratégia preventiva.

Presente ao anúncio das medidas, o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Antônio Carlos Nardi, gestor da área em Maringá, no Paraná, contou que no município são estimuladas iniciativas como cursos de culinária saudável e hortas comunitárias orgânicas. E que há dois módulos das academias da saúde. Com 50 quilos a menos devido a uma cirurgia bariátrica, ele chama a atenção para o fato de os custos do tratamento serem muito mais altos quando a doença está instalada. “Por isso temos que prevenir a obesidade, proporcionar condições para a prática de atividade física e para a redução da obesidade, do colesterol tabagismo e demais fatores de risco para o aparecimento do diabetes e doenças cardiovasculares”, disse o secretário.