Usuária do SUS assume presidência do Conselho Nacional de Saúde

A conselheira Maria do Socorro de Souza chega ao CNS para ocupar um cargo até então nunca ocupado por mulheres e nem por usuários do sistema público de saúde

Maria do Socorro: ‘Represento um importante segmento da sociedade que está presente em 90% do Brasil. (Foto: Fickr/Ministério da Saúde)

São Paulo – Desde que o Conselho Nacional de Saúde (CNS) foi criado, há 70 anos, esta é a primeira vez que uma mulher vai ocupar a sua presidência. A conselheira Maria do Socorro de Souza, assessora de políticas sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), venceu a eleição realizada ontem (13), com 31 votos. Seu concorrente, o conselheiro Clóvis Boufleur, representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), recebeu 17. É também inédita a chegada de um representante dos usuários do serviço público de saúde à presidência da maior instância do controle social do setor. O mandato da nova presidenta é para o triênio 2012/2015. 

Em sua despedida da presidência do CNS, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou estar feliz ao ver Maria do Socorro, que representa a Contag, assumir a presidência, uma vez que existe grande desigualdade no acesso à saúde nas áreas rurais. “Tenho o compromisso de continuar participando das reuniões do conselho e garanto que a relação entre CNS e Ministério da Saúde será a mesma”, disse. 

“Sou mulher, negra, mãe, avó, trabalhadora rural e usuária do Sistema Único de Saúde. Represento um importante segmento da sociedade que está presente em 90% do Brasil, e esse é um espaço importante e fundamental para dizer o SUS que queremos”, disse a presidenta. 

Mesa diretora

Sete conselheiros de saúde foram eleitos para compor a mesa diretora do CNS com a presidenta. Conforme o regimento, entre as atribuições estão articulações políticas com órgãos e instituições internos e externos para garantir a intersetorialidade do controle social e com outros conselhos de políticas públicas para o fortalecimento da participação da sociedade na formulação, implementação e no controle das políticas públicas. 

Geordeci Menezes de Souza, secretário de Saúde da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), é um dos integrantes da nova mesa diretora. Para ele, a quebra de dois paradigmas de uma só vez é muito positiva. “Maria do Socorro tem todas as possibilidades de promover mudanças. Ela conhece bem o CNS, assimila com rapidez as questões importantes para o avanço do controle social”, disse.

Para o conselheiro, além da renovação na mesa diretora, houve mudanças também nas indicações dos representantes do governo, o que conferiu “cara nova” ao CNS. Segundo Geordeci, outro ponto positivo desta eleição é a quebra de uma longa sequência de representantes do governo à frente da presidência. O presidente anterior, ministro Alexandre Padilha, chegou a ser acusado pelos movimentos sociais do setor de ‘atropelar’ a instância diversas vezes. “O maior problema no conselho é a falta de interlocução com o governo, que não negocia, que não conversa com os conselheiros”, disse Geordaci. “Mas o ministro Padilha se comprometeu a uma maior interlocução. Ele conhece a nova mesa diretora e sabe que não estamos aqui apenas para concordar, e sim para trabalhar em conjunto.”