Não existe filtro solar que ofereça 100% de proteção à pele, adverte dermatologista

Segundo especialistas, mesmo com filtro solar é preciso buscar outros meios de proteção contra as queimaduras e outras complicações. (Foto:CC/Bernardo Barlach) São Paulo – Nenhum dos protetores disponíveis no mercado […]

Segundo especialistas, mesmo com filtro solar é preciso buscar outros meios de proteção contra as queimaduras e outras complicações. (Foto:CC/Bernardo Barlach)

São Paulo – Nenhum dos protetores disponíveis no mercado protege totalmente a pele contra os efeitos nocivos dos raios solares, como queimaduras, envelhecimento precoce e o aparecimento do câncer. A advertência é da dermatologista Meire Brasil Parada, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo ela, para uma proteção completa esses produtos deveriam conter agentes contra os raios UVA e UVB, além de outras características como estabilidade do produto ao sol e calor e serem à prova d’água e da transpiração. 

“Por isso os fabricantes agora são obrigados a incluir na fórmula, além de agentes anti-UVB,  agentes para bloquear a passagem dos raios UVA”, disse Meire Brasil. 

A radiação UVA penetra profundamente na pele, sendo o principal responsável pelo envelhecimento,  algumas formas de câncer e catarata. Até bem pouco tempo esses efeitos nocivos eram desconhecidos. Já os raios UVB têm penetração mais superficial, causando queimaduras e alterações que também provocam câncer. O câncer de pele o mais frequente no Brasil e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no país.

No final de novembro, a Proteste Associação de Consumidores divulgou teste com as marcas L´Oreal, La Roche-Posay, O Boticário, Coppertone, Cenoura & Bronze, Sundown, Avon, Nívea Sun, Banana Boat, Red Apple, para uso adulto, com fator FPS (Fator de Proteção Solar) 30. Das amostras, sete tinham FPS inferior ao informado no rótulo; dois não protegiam contra raios UVA e cinco se mostraram incapazes de manter a eficácia durante uma hora de exposição ao sol. Os testes com versões infantis incluíram cinco marcas, mas não detectaram problemas.

O teste avaliou ainda a clareza com que a informação é colocada no rótulo, a composição, a estabilidade do produto à radiação solar, a resistência à água, hidratação, tolerância da pele ao produto e consistência, entre outros aspectos.  Na época, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos refutou os dados, argumentando, entre outras coisas, que esses fabricantes seguem rígida regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para Meire Brasil, a proteção pode ser maior se a aplicação do produto for repetida a cada duas horas, em quantidades generosas. Ou seja, a cada aplicação em todo o corpo requer  o correspondente a uma xícara de café cheia do produto. “Só respeitando a frequência de aplicação e quantidade a cada duas horas é que se pode dizer que há proteção”, disse. Segundo ela, o mais comum é uma leve aplicação do protetor minutos antes da exposição ao sol, sem a reaplicação necessária ao longo da exposição. 

Outra recomendação – que não substitui o uso do protetor – é evitar o sol entre as 10 e 16 horas e entre as 9 e 17 horas no horário de verão. E procurar abrigo na sombra de uma tenda ou guarda-sol, além de usar bonés, chapéus, viseiras e óculos escuros. “Uma medida não substitui a outra’, ressaltou.

Em junho passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou resolução que aprova o Regulamento Técnico Mercosul sobre protetores solares em cosméticos. A medida atualiza métodos, padroniza a proteção UVA e determina informações que devem estar nos rótulos.

“São inúmeros os produtos expostos no mercado para proteção solar, mas é preciso que as pessoas sejam orientadas sobre como usá-los”, disse Sérgio Schalka, especialista em fotoproteção da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Segundo ele, uma das principais determinações da resolução, que dá dois anos para os fabricantes se adequarem, é que o Fator de Proteção Solar (FPS) mínimo passe de 2 para 6. “Para dar mais proteção, o mínimo FPS deve ser 30”, disse. “Produtos que não tenham um FPS mínimo de 6 não podem ser declarado como protetores solares. A prevenção adequada ao câncer de pele depende de produtos com FPS cada vez maiores”. 

A resolução da Anvisa estabelece ainda que protetores solares destinados ao uso em atividades recreacionais devem ser resistentes à água e ao suor, e que a rotulagem não induza o consumidor à falsa impressão de proteção total e proibe termos como “100% de proteção”.

 

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