Resumo

Chamaram a censura de volta

gerardo lazzari Manifestação em frente à prefeitura de São Paulo: a imprensa patronal pode tudo “Eles podem tudo. Mas querem calar os trabalhadores.” Empunhando cartazes com esses dizeres ironizando o […]

gerardo lazzari

Manifestação em frente à prefeitura de São Paulo: a imprensa patronal pode tudo

“Eles podem tudo. Mas querem calar os trabalhadores.” Empunhando cartazes com esses dizeres ironizando o pode-tudo da “grande imprensa”– veja reportagem de capa desta edição –, centenas de manifestantes protestaram no dia 9 de agosto contra o veto à edição nº 1 da Revista do Brasil, imposto pelo TSE a pedido da coligação PSDBPFL. O ato foi realizado em frente à prefeitura paulistana por representantes de sindicatos e movimentos sociais.O vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Audálio Dantas, disse que toda censura é condenável: “As publicações da grande mídia não sofrem censura porque a Constituição garante que não haja essa prática. Então por que uma revista como esta, justamente um veículo dos trabalhadores, é censurada?” Salvo honrosas exceções – como a revista Carta Capital, em sua edição de 23 de agosto, o Coletivo Brasil de Comunicação Social (Intervozes), a Carta Maior, que destacaram a crítica à censura –, a mídia, no geral, silenciou.

É da sua conta

O trabalhador vai poder decidir com qual banco quer operar.Se quiser transferir todo o eu salário do banco  escolhido pelo patrão para o seu banco, não pagará CPMF nem tarifas. É o fim da senzala na conta bancária. Com a decisão, o Ministério da Fazenda espera liberdade de concorrência entre os bancos para baixar juros e tarifas.

Acerto de cotas

Pesquisa nas universidades federais de Brasília e Alagoas e estaduais da Bahia e do Rio, pioneiras na adoção do sistema de cotas para afrodescendentes,
revela que 73,7% dos professores aprovam o sistema.
A pesquisa foi realizada pelo Laboratório de Políticas
Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e ouviu 557 professores.

Carro elétrico

A Itaipu desenhou a idéia e a Eletrobrás vai pagar para ver.Até o final do ano fica pronto o protótipo do carro brasileiro movido a eletricidade – com taxa zero de poluição sonora e do ar. A estatal já encomendou
dois veículos para apresentar durante os Jogos do Pan-Rio 2007. O preço estimado do novo carro elétrico é de 22 mil dólares.

Não foi a azeitona

Novo estudo do coordenador do Instituto Fernando Braudel de Economia Mundial, Nilson Vieira de Oliveira,o mesmo que havia proposto a restrição no horário de funcionamento dos bares em Diadema,na Grande São Paulo, revelou que a lei seca foi uma coincidência que tinha por trás a gestão integrada dos poderes públicos, reuniões mensais das polícias militar e civil e da guarda municipal com ideranças comunitárias, vereadores e prefeito, bem como rondas noturnas com várias viaturas da PM e da guarda
municipal. O aumento da confiança da população nas autoridades, a melhora das condições de acessibilidade e da iluminação pública voltada para a segurança, a instalaçãode câmeras de monitoramento pela cidade e a existência de uma ampla rede de políticas públicas, sobretudo destinadas à juventude, foram fatores decisivos.

Lucraram mais que bancos

A consultoria Economática pesquisou 180 empresas nãofinanceiras e constatou que elas lucraram muito mais que os bancos no governo Lula que na era FHC. Foram 213 bilhões de reais entre 2003 e junho de 2006 – 199% acima dos 71,5 bilhões de reais apurados entre 1999 e 2002. Os bancos também se deram bem, seus lucros cresceram 80%, de 32 bilhões para 57,6 bilhões de reais. Parte do resultado é explicada pela valorização do real frente ao dólar. Na era FHC o real desvalorizou-se 192,3%, aumentando o endividamento das empresas na moeda americana. Na gestão Lula, o real valorizou-se 8,73%.

Paulo Whitaker/REUTERSvolks
Assembléia na Volks, no dia 29: não às ameaças

Volks: reação à chantagem

No fechamento desta edição,em 30 de agosto, os trabalhadores da Volkswagen estavam no segundo dia de greve. Um dia depois de o BNDES suspender a liberação de um empréstimo de 497 bilhões de reais à montadora, a Volks enviou cartas lacônicas a 1.800 “colaboradores” comunicando sua demissão em 21 de novembro. Boa parte deles, portadores de doenças ocupacionais; outros, muito perto da aposentadoria. O sentimento de traição foi generalizado. Antes, em negociações que consumiram dias, a empresa havia recusado todas as alternativas do sindicato ao seu plano de reestruturação. Para cada item proposto pela empresa havia uma contraproposta do sindicato, sempre negada. A Volks queria aval para dispensar 3.600 empregados do ABC e reduzir direitos dos demais. Sem acordo, passou a ameaçar com a ampliação dos cortes para 6.100 e o fechamento da unidade de São Bernardo. A empresa não admite rever os erros de gestão que contribuíram para chegar ao que chama de crise.

Pesou o social

Na decisão do BNDES de suspender o empréstimo enquanto não se tem um acordo, pesou a indefinição quanto ao destino dos recursos. “Se os recursos eram para investir em expansão da produção, seria absolutamente estranho que a gente financiasse algo
sem base material”, disse a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil. O Dieese calcula que 3.600 demissões cogitadas pela Volks podem acarretar o fim de outras 29 mil vagas e de recursos da ordem de R$ 717 milhões/ano, em salários, contribuições à Previdência
e FGTS. “A irresponsabilidade da empresa é contra o país”, alertou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo.

Escola Base, 12 anos depois

O ministro Celso de Mello, do STF, arquivou no dia 7 de agosto recurso da TV Globo de São Paulo que tentava livrar a emissora da indenização dos proprietários da Escola Base por danos morais. A decisão mantém a condenação fixada pela Justiça de SP, de 1,35 milhão de reais. Trata-se de um caso histórico de sobreposição do espetáculo ao fato. Em março de 1994, os donos da escola de educação infantil Base, no bairro da Aclimação (zona sul de São Paulo), acusados de usar crianças como modelos de fotos e filmes pornográficos, sofreram depredações e saques por parte de moradores e pais de alunos. Dois meses depois de linchamento pela mídia, o inquérito comprovou a inocência dos acusados. Além da TV Globo, já foram condenados Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, as editoras Três e Abril, das revistas IstoÉ e Veja, e o SBT.