Resumo

Crime sem castigo

O sistema bancário internacional, pivô da crise econômica, recebeu em um ano dez vezes mais dinheiro público em ajuda do que todos os países pobres em meio século. O contraste […]

O sistema bancário internacional, pivô da crise econômica, recebeu em um ano dez vezes mais dinheiro público em ajuda do que todos os países pobres em meio século. O contraste está em nota da Campanha da ONU pelos Objetivos do Milênio, divulgada pela BBC no mês passado.

De acordo com a organização, os países em desenvolvimento receberam em meio século o equivalente a US$ 2 trilhões em doações de países ricos. Apenas no último ano os bancos e outras instituições financeiras ameaçadas pela crise global receberam US$ 18 trilhões.

O relatório da ONU constata, portanto, que a ajuda aos países pobres não é uma questão de falta de recursos, mas de vontade política. “Sempre digo que, se você fizer uma promessa e não cumprir, é quase um pecado, mas, se fizer uma promessa a pessoas pobres e não cumprir, então é praticamente um crime”, disse à BBC o diretor da Campanha pelos Objetivos do Milênio, Salil Shetty.

1º lugar no Top Five

“Depois de ver esse vídeo que mostra como os ‘grevistas’ da USP lidam com estudantes que discordam da opinião deles, não tenho dúvida: PM neles.” Assim o apresentador do CQC, Marcelo Tas, legendou um vídeo exibido em seu blog no dia 19 de junho. Para um profissional de sua qualidade – e para a maioria dos 170 comentários que recebeu, de gente a favor e contra a greve –, pegou mal.

“Acho que você está tão compenetrado nas brincadeiras do seu programa que não é capaz de refletir sobre questões sérias”, comentou Guilherme Evaristo. “Claro que há situações deploráveis, mas até aí radicalizar e generalizar o movimento inteiro é um salto muito grande, não acha?”, disse Magno, da Pedagogia.

“Eu estava na manifestação contra a greve, e acho que esse vídeo está mostrando só um lado da questão… Sou estudante da FEA, nunca estive em greve e nunca estarei, acho uma bobeira só. Mas acho que seria legal você tomar cuidado quando divulga alguns vídeos desse grupo antigreve”, ensinou Diego.

Cotas: opinião versus fatos

O Observatório Brasileiro de Mídia está concluindo estudo sobre o perfil do noticiário nos jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo em torno da agenda da igualdade racial. O trabalho, encomendado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e da Desigualdade (Ceert), analisa o noticiário entre 2001 e 2008 e está em fase de conclusão.

Impressiona o quanto os textos sobre a política de cotas para negros nas universidades ocuparam espaços de opinião: 38% deles apareceram em editoriais, colunas e artigos – a maioria desfavoráveis à adoção do instrumento, mesmo após os resultados das primeiras turmas de alunos cotistas, que ajudaram a derrubar crenças presentes nos discursos.

Ante os argumentos de que as cotas baixariam o nível dos cursos e de que alunos beneficiados sofreriam discriminação, a prática comprovou o oposto: os que ingressaram na faculdade por meio de cota têm obtido as maiores notas nas avaliações de desempenho.

O campeão de confronto entre fato e opinião foi O Globo. Dos 38 editoriais publicados a respeito de políticas afirmativas, 66% falaram de cotas, e todos contrários. Ainda que os principais argumentos (“as cotas e ações afirmativas iriam promover racismo”, presente em 32% desses textos; ou “os cotistas iriam baixar o nível dos cursos”, em 16%) não tenham sido verificados nas instituições que já implementaram as cotas.

Sinais da recuperação

A taxa de desemprego de 8,8% em maio ainda ficou quase um ponto mais alta em relação a maio de 2008. Mesmo assim, foi o segundo melhor maio da série histórica do IBGE. Segundo o instituto, a taxa de empregos com carteira subiu 2,1% em um ano. E o rendimento médio da população ocupada (R$ 1.311,70) teve ganho real de 3%. Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho verificou o maior saldo positivo do ano (131.557 novas vagas) de contratações com carteira assinada. Em maio, foram demitidos 1.217.018 trabalhadores e contratados 1.348.575. É bom lembrar: a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE verifica o percentual da população economicamente ativa que afirmou estar à procura de trabalho nas seis maiores Regiões Metropolitanas. O Caged mede a diferença entre demissões e contratações informadas por todas as empresas do país.

Impunidade

Marcelo Campos Barros, o Pan, alvo da intolerância após a 13ª Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), realizada em 14 de junho, em São Paulo, é a nota triste de um Brasil que ainda não consegue respeitar as diferenças. O garçom de 35 anos foi vítima de homofobia depois de deixar um churrasco para encontrar um amigo na Rua Marquês de Itu, no centro da cidade. Perto das 22h45, foi agredido com chutes na cabeça. Pan faleceu dia 19, após cinco dias em coma. A Revista do Brasil registrou em reportagem da última edição a batalha do movimento LGBT pela aprovação do projeto de lei que torna crime a homofobia (PLC 122/06), há oito anos à espera de sua aprovação no Congresso Nacional.

Mídia na agenda

A Central Única dos Trabalhadores realizará em São Paulo, de 15 a 17 de julho, o seu 5º Encontro Nacional de Comunicação (Enacom). O objetivo da central é estimular sua base sindical a incorporar o tema à agenda cotidiana de debates e atividades, investir em uma rede de informação e costurar unidade entre os movimentos sociais para garantir, a partir da Conferência Nacional, no final do ano, a reestruturação das leis que regem a comunicação no Brasil.