editorial

A vontade de ir além

Eduardo Zappia O brigadista voluntário Augusto Maximiliano no incêndio da Chapada Diamantina: inspiração “Qual é a sua obra? O que você está construindo?” Essas perguntas são usadas habitualmente para medir […]

Eduardo Zappia

O brigadista voluntário Augusto Maximiliano no incêndio da Chapada Diamantina: inspiração

“Qual é a sua obra? O que você está construindo?” Essas perguntas são usadas habitualmente para medir o grau de satisfação com a vida nestes tempos de novos e inusitados conflitos. A partir de respostas a elas, ouvidas no divã, em palestras ou em conversas com os melhores amigos, pessoas podem corrigir rumos, calibrar o foco, recuperar a disciplina ou arrumar o que fazer. A Revista do Brasil se aproxima de seu terceiro ano, e se faz constantemente essa pergunta. Retratar política, economia, desenvolvimento, a construção de um novo Brasil endurece corações, trata-se de estado permanente de ebulição de projetos, partidos e instituições. O que a revista constrói, afinal, para seus leitores? Qual a sua obra?

Ao ler uma seção Retrato sobre o combate às queimadas pelos brigadistas da Chapada Diamantina (BA), “Nas chamas da Chapada”, um leitor, que não quis identificar-se, nos fez um singelo pedido: quer saber como tornar-se um bombeiro voluntário. Em setembro de 2006, a mesma seção trouxe Bruno Resende Domingues, ent com 15 anos, por ter sidoum dos ganhadores da Olimpíada Brasileira de Matemática em Escolas Públicas. Bruno é hoje calouro de Engenharia de Produção, na USP. Na olimpíada do ano passado, a ex-escola de Bruno, na zona sul de São Paulo, teve 14 alunos premiados com menção honrosa. Mais colegas que acompanharam a conquista de Bruno tiveram o desejo de “ir além”, como disse ele à época.

Outros leitores quiseram saber mais sobre as experiências de estímulo à leitura em Taubaté (SP); interessaram-se em como formar clube de investidores para aplicar economias na Bolsa; pediram informações a respeito de produção de moda sustentável feita com matéria-prima originada de recicláveis; entre tantos outros pedidos de orientação que tiveram como horizonte um interesse voltado para o coletivo. Sem contar os inúmeros educadores que nos agradecem pelo envio da revista e por suas muitas aplicações em salas de aula – por discutir a política e a economia com linguagem diferenciada do politiquês e do economês, por discutir o comportamento e a sociedade sem o viés consumista, por analisar a história, estimular a participação nas coisas que fazem diferença, por difundir a solidariedade como valor universal. São repercussões tão singelas quanto práticas – muito práticas. Fazem crer que construímos para os leitores uma obra que tem importância em sua vida.