Resumo

Zona de conflito

Ohi Entre movimentos de sem-terra pressionando pela aceleração da reforma agrária e de “forças ocultas” tentando desestabilizar o governo do presidente Fernando Lugo, o meio rural paraguaio vive momentos de […]

Ohi

Entre movimentos de sem-terra pressionando pela aceleração da reforma agrária e de “forças ocultas” tentando desestabilizar o governo do presidente Fernando Lugo, o meio rural paraguaio vive momentos de tensão. O chanceler brasileiro Celos Amorim chegou a manifestar preocupação com os “brasilguaios” com atividade rural e o governo Lugo já assegurou proteção a todos os investimentos legais no território, onde é grande a presença de produtores brasileiros. Um deles, Tranquilo Favero, brasileiro naturalizado paraguaio, tem terras em 13 departamentos e lucra US$ 240 milhões por ano com soja. Com argumento de aquecer a atividade rural e de reduzir a crise no campo, o deputado Elvis Balbuena tem insistido na proposta de legalizar a produção de maconha. “A planta é consumida desde 8.000 anos a.C. e em nosso país há uma quantidade enorme de produção da erva. Proibi-la hoje é como a proibição do álcool pelos EUA na era Capone”, disse o parlamentar ao diário local Ultima Hora.

Lobby da motosserra

Pecuaristas, empresários e políticos a eles ligados no Maranhão fazem lobby para tentar excluir o território do Estado na área reconhecida como Amazônia Legal – que engloba Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, além de parte do Mato Grosso, Tocantins – do estado nordestino. Querem, com isso, ampliar de 20% para 65% as áreas desmatáveis de suas propriedades. Não que eles atualmente cumpram a regra. Segundo movimentos sociais da região – que contra-atacam em defesa da atual especificação territorial da bacia amazônica –, o limite já é desrespeitado há muito tempo, o que inviabiliza a captação de financiamentos. Tanto é que os ruralistas reivindicam, também, suspensão dos efeitos da Resolução 3.545 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que proíbe a liberação de recursos a proprietários rurais que estejam em situação fundiária irregular.

Nos trilhos

O ano terminou com os fundos de pensão dando saltos em sua estratégia de ampliar participações em infraestrutura. A Invepar, empresa da Previ (83%), em parceria com a construtora OAS, assumiu, por R$ 995 milhões, o controle do Metrô do Rio – negócio que ainda precisa do OK do governo do estado. O capital do Metrô deve ainda ser vitaminado por recursos da Petros e Funcef (dos empregados da Petrobras e da Caixa), com R$ 400 milhões cada um. A Invepar, em consórcio também com a construtora OAS, já havia arrematado a concessão do trecho mais longo do leilão de rodovias promovido pelo governo de São Paulo, com 444 quilômetros do Corredor Raposo Tavares. Enquanto cobiça a infraestrutura, a Previ, o fundo dos funcionários do BB, espera faturar R$ 600 milhões com a venda do complexo hoteleiro na Costa do Sauipe (BA) e do prédio do Hotel Meridien, em Copacabana.

Saci para mascote

Um dos mais simpáticos símbolos do folclore brasileiro, o Saci Pererê será o tema do carnaval de Pirassununga (SP). A área central da cidade será toda decorada com o personagem. A prefeitura da cidade aproveita o evento para aderir ao movimento que quer vê-lo como mascote da Copa do Mundo de 2014, por simbolizar a cultura multirracial que forma o povo brasileiro: surgiu há mais de dois séculos, como índio protetor da floresta e tinha duas pernas; foi adotado pelos negros, assumiu a raça e, uma vez escravizado e preso por grilhões, optou por cortá-la; e ganhou dos brancos o gorro vermelho, presente em vários mitos europeus.

Ondas livres

Um projeto de lei que descriminaliza serviços de radiodifusão operados sem concessão pública foi enviado ao Congresso pelo Executivo agora em janeiro. A iniciativa foi recebida por integrantes do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação como, enfim, um sinal de boa vontade da gestão Lula em relação às rádios comunitárias, que têm sua atuação obstruída pela lei atual e sofrem com a perseguição dos órgãos reguladores e da polícia.

O novo mínimo

A se confirmar os R$ 464 previstos para o salário mínimo a partir de 1º de fevereiro, o salto acumulado será 132% em relação aos 
R$ 200 de 2002, algo próximo de 45% acima da inflação. Em princípio, a política de valorização do mínimo, um dos grandes trunfos das negociações das centrais sindicais com o governo, incomodava apenas os cabeças de planilha que viam “riscos” para as contas públicas. Não só estavam errados, como a valorização se tornou um dos pilares da sustentação do crescimento. Agora, os empresários do setor privado também fazem lobby contra essa política de reajustes. Não se sabe se é por incapacidade de pagar ou se é por razões ideológicas e eleitorais: conter o raciocínio distributivo e seu impacto nos índices de aprovação de Lula (e de seu sucessor em 2010).

Sim e não

O Banco Central confirmou, por meio da assessoria, que passará de R$ 100 bilhões o lucro obtido no segundo semestre de 2008, a ser repassado ao Tesouro Nacional, conforme noticiou o Estadão. A fábula é resultado de ganhos com a valorização do dólar (as reservas do BC superam US$ 205 bilhões) e só pode ser empregada em abatimento da dívida, mas já alivia a gestão da dívida em tempos de crise. O BC negou, por outro lado, que Henrique Meirelles tenha comunicado a Lula a decisão de deixar o posto em breve, conforme noticiou a Carta Capital. Antes mesmo de a notícia sair, já circulava um boato-piada de que o presidente teria convidado Luiz Gonzaga Belluzzo para o BC. O corintiano Lula teria tanta admiração pelo economista que preferia tê-lo no lugar de Meirelles do que no comando do Palmeiras, que Belluzzo sonha presidir desde criancinha.