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Dilemas recém-nascidos

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Coisas estranhas começaram a acontecer com Heitor depois que sua avó lhe apertou a moleira. “Com aquele ploct! eu adquiri consciência. Até então havia vivido num estado de completa alienação”, diz o bebê recém-nascido. Ele começou a refletir, criticar e interagir com o mundo ao redor. Os bichos com quem divide a cama, a relação com o irmão mais velho, com as crianças do parquinho e com os pais são analisados por esse pequeno de uma maneira bem interessante. A Maldição da Moleira, da escritora paulista Índigo com ilustrações de Alê Abreu (Ed. Girafinha, 96 páginas), é um relato curto, irônico e desconfiado para crianças pequenas e para as maiorzinhas também. R$ 25, em média.

Conectado

Desde 1967, quando compôs Lunik 9 – que se referia à nave Sputinik, aos vôos à Lua dos enamorados –, Gilberto Gil trata da relação dos avanços tecnológicos. Em 1997 versionou Pelo Telefone, o primeiro samba gravado, em Pela Internet, depois passou por Parabolicamará, em ritmo de capoeira, lançou ironias em Eletracústico e agora, depois de quatro anos sem gravar inéditas, lança Banda Larga Cordel, que vai de Guimarães Rosa a YouTube. As faixas já podem ser ouvidas na internet e o disco, em CD ou DVD (ainda sem preço definido), deve chegar às lojas a partir de 17 de junho. A novidade é o fato de o criativo Gil ter ficado quatro anos sem gravar inéditas, como se o cargo de ministro da Cultura tivesse secado sua veia poética. Na entrevista coletiva virtual de lançamento, Gil disse: “Se deixasse aberta a porta da inspiração, ela iria me pegar às 10 da noite e largar de madrugada. E, aí, como iria trabalhar?” Seu primeiro show do novo disco será em Portugal e somente em agosto estará no Brasil, também com uma novidade democrática: os fãs poderão gravar e fotografar livremente.

Rosário afro

Durante todo o mês de junho o bairro da Penha, na zona leste da capital paulista, tem Festa do Rosário, em comemoração ao aniversário de 206 anos da Igreja Nossa Senhora do Rosário, construída pela Irmandade dos Homens Pretos da Freguesia da Penha de França e tombada pelo Patrimônio Histórico. Até o dia 30 haverá missas clássicas e afro, terços, congas, congadas, moçambiques, marujadas, folia-de-reis, catira, palestras, exposições, filmes e outras atrações religiosas, artístico-culturais e de resgate histórico. Informações sobre locais e horários das atrações: Casa de Cultura da Penha, (11) 2296-6172.

Vazio de uma geração

Ciro (Julio Andrade) é recém-formado em Literatura, tradutor de russo e passa por uma crise existencial na companhia de um cachorro de rua que apareceu em frente ao apartamento onde mora, em Porto Alegre. Marcela (Tainá Muller) é uma linda modelo em começo de carreira que, obcecada pelo trabalho, deixa de lado qualquer outro sonho. Cão sem Dono, de Beto Brant e Renato Ciasca, é a observação desse encontro, um romance que está fadado a não dar certo. E, mais do que isso, que mostra um impressionante retrato de geração. O filme é quase todo rodado dentro de um apartamento. E não perde o ritmo. É desenvolto e atraente, com atores ótimos e desconhecidos. Dessa vez, a violência retratada por Brant vem disfarçada de vazio e ceticismo. Adaptado do livro Até o Dia em Que o Cão Morreu (Cia. das Letras), de Daniel Galera. Disponível em DVD.

Pernambucanidade

É na Zona da Mata pernambucana que Siba e sua banda Fuloresta reproduzem em música a beleza da sabedoria popular. Ex-líder da banda de forró Mestre Ambrósio, Siba retrata situações comuns do cotidiano nordestino. Uma mistura de coco, ciranda, maracatu, frevo, samba e literatura de cordel que resulta numa sonoridade brasileiríssima. Tem participação especial de Céu, Lucio Maia (do Nação Zumbi), Fernando Catatau (do Cidadão Instigado), Isaah (ex-integrante do Comadre Fulozinha) e do mestre Biu Roque, lenda viva de Pernambuco. Além de poesia de primeira, com muitos instrumentos de sopro, percussão e improviso, Toda Vez Que Eu Dou um Passo o Mundo Sai do Lugar tem um apelo visual fortíssimo: o encarte do CD foi todo produzido pela famosa dupla de grafiteiros osgemeos.

Lá vem a bicharada

A exposição coletiva Bichos está em cartaz até 30 de junho no Museu Chácara do Céu, no bairro carioca de Santa Teresa. São 88 trabalhos da coleção do Museu Castro Maya que a curadora Anna Paola Baptista reuniu em torno do tema “animais”, sem critérios de cronologia, estilo, suporte ou recorte. Há monstros, mitologias, símbolos, seres encantados, animais domésticos, selvagens, meios de transporte em vários módulos. São quadros, gravuras, esculturas, livros, aquarelas, porcelanas e cerâmicas. Destaque para a escultura Carpas Enlaçadas, da Dinastia Ming, O Cavalo, A Amazona e O Palhaço, de Matisse, O Galo, de Miró, e O Sonho, de Portinari. Ótimo para ir com as crianças. De quarta a segunda, das 12h às 17h. Tel.: (21) 2224-8981.