Retrato

O tibete fora do Tibete

Rafael Mayrink Goes As vestes dos monges, as bandeiras coloridas ao vento, os templos, a devoção. As imagens são da cidade de McLeod Ganj, na Índia. Mas a semelhança com […]

Rafael Mayrink Goes

As vestes dos monges, as bandeiras coloridas ao vento, os templos, a devoção. As imagens são da cidade de McLeod Ganj, na Índia. Mas a semelhança com o Tibete não é à toa. É em McLeod Ganj que reside em exílio, há quase 50 anos, o líder máximo do budismo tibetano, Tenzin Gyatso, o Dalai Lama. O Tibete viveu um período de independência conquistado em 1912, mas os intensos conflitos com o governo chinês parecem não ter solução a curto prazo. Em 1950, a China invadiu a região, anexou o Tibete como província e passou a reprimir a cultura local. Uma tentativa de recuperar a autonomia foi fortemente combatida pelo Exército chinês em 1959. A derrota levou o Dalai Lama a instalar um governo de exílio na região de Dharamsala, onde está McLeod Ganj.

A região tornou-se importante para fiéis, ativistas e viajantes interessados na religião e na cultura tibetana. A cidade respira budismo. No templo do Dalai Lama são concorridas as palestras para monges e visitantes. O Museu Tibetano tem em seu acervo fotos de refugiados e da travessia do líder, a cavalo, pelas montanhas do Himalaia. Dharamsala é um dos poucos lugares no mundo aonde a crescente onda industrial chinesa não chegou. O boicote a produtos “made in China” é total. As lojas vendem artigos em prol da libertação do Tibete. A perfeição dos trabalhos, como traços de pinturas em ouro milimetricamente precisos e simétricos, impressiona. E a história do Tibete já incomoda o ambiente olímpico “made in China”.