Resumo

Marcha das margaridas

Marcelo Casal Jr./ABr Incansáveis contra a fome, a pobreza e a violência sexista Uma semana depois da manifestação da CUT (leia na página 8), a Marcha das Margaridas voltou a […]

Marcelo Casal Jr./ABr

Incansáveis contra a fome, a pobreza e a violência sexista

Uma semana depois da manifestação da CUT (leia na página 8), a Marcha das Margaridas voltou a ocupar Brasília no dia 22. Cantarolando “Brasília está florida/ Estão chegando as margaridas/ Estão chegando as decididas/ É o querer, o querer das margaridas”, vestindo camisetas liláses e chapéus de palha, cerca de 50 mil mulheres do Brasil todo percorreram as pistas da Esplanada dos Ministérios. Organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e pela CUT, a marcha, em sua terceira edição, é uma manifestação das mulheres camponesas contra a fome, a pobreza, a violência sexista. Neste ano, o destaque do protesto foi a defesa dos direitos previdenciários.

As razões do cansaço

O presidente da Philips no Brasil, Paulo Zottolo, foi um gentleman ao notar o tamanho da grosseria cometida contra o estado do Piauí e rápido em se desculpar. No dia 16 de agosto, em entrevista ao Valor, Zuttolo havia dito: “Não se pode pensar que o país é um Piauí… Se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado”, ao explicar por que se engajava no que chama de um “movimento cívico”. A gafe expõe o que move o executivo e algumas garotas-propaganda de sua marca a liderar o “Cansei”: o desprezo pela pobreza. Os impactos dos programas de transferência de renda no Brasil indicam o que pode estar incomodando a exausta elite brasileira. Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada no mês passado revela que esses programas proporcionaram, em uma década, redução de 21% no índice Gini, que mede a desigualdade de distribuição de renda em uma sociedade. O Bolsa Família, um dos principais responsáveis por esse resultado, acaba de alcançar 11 milhões de domicílios e de receber um reajuste médio que pode levar o benefício a até 112 reais. O quadro de empenho de recursos abaixo mostra que o Piauí não é o único atendido pelo programa.

O câncer da ganância

O Tribunal de Justiça de SP concedeu liminar suspendendo a vigência da Lei Estadual n° 12.684/07, que proíbe o uso de produtos, materiais ou artefatos que contenham amianto em todo o estado a partir de 2008. A liminar atende provisoriamente a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pela Fiesp (sede na foto ao lado) contra a lei proposta pelo deputado estadual Marcos Martins (PT) – aprovada pela Assembléia Legislativa por unanimidade e sancionada pelo governador José Serra em julho. O deputado lamentou que parte do empresariado “insista em colocar o interesse econômico acima da preocupação com a saúde das pessoas”. O amianto é cancerígeno, pode causar insuficiência respiratória e sua utilização já foi banida em 48 países.

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Um olho no peixe, outro no gato

O Greenpeace aplaudiu a redução de 25,3% na taxa de desmatamento na Amazônia, entre 2005 e 2006, mas recomenda comemorar com moderação. Para o Greenpeace, contribuiu para a menor taxa de devastação registrada na região a forte atuação do governo – com a criação de áreas de preservação e aumento da fiscalização. Mas mesmo com a devastação em queda há três anos, a ONG teme que agentes econômicos voltem à carga: o preço da soja subiu novamente às vésperas da safra plantada agora, o preço da carne aumentou e com a onda dos biocombustíveis o agronegócio já faz pressões sobre as terras disponíveis na região.

Querosene na fogueira do preconceito

Dia 26 de junho: num programa da TV Record, o dirigente do Palmeiras José Cyrillo Júnior é provocado para dizer se há homossexuais em seu time; “cai”, e diz que o jogador Richarlyson quase acertou com o clube, mas acabou no São Paulo. Cyrillo pede desculpa. Advogados do jogador reclamam na Justiça indenização de 300 mil reais por “danos morais”. Dia 5 de julho: o juiz Maximiano Junqueira Filho, da 9ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de SP, arquiva a queixa: “Se fosse homossexual, melhor seria admiti-lo, ou omitir. Nesta hipótese, porém, seria melhor que abandonasse os gramados”, argumentou.

O preconceito surgiu irônico na fala do dirigente, cresceu perverso nas gargalhadas da mesa-redonda, evoluiu na reação do “acusado” e seus advogados (o cartola não foi acionado por preconceito, mas por “danos morais”) até revelar-se um monstro na mente de um magistrado homofóbico com poder de decidir em nome da Justiça. O ponto positivo da história: o juiz Junqueira Filho tomou gancho de 90 dias e a reação do Conselho Nacional de Justiça deixou clara a importância de o Judiciário ser supervisionado por um órgão independente.

O preconceito no meio esportivo teve outros lances importantes no mesmo período. Acusada de “falhar” algumas vezes, a bandeirinha Ana Paula de Oliveira foi afastada dos jogos da Série A do Brasileiro. Enquanto isso, juízes e auxiliares homens continuam errando a torto e a direito impunemente. De positivo: Ana Paula não se abalou, treina quatro vezes por semana, apóia projetos sociais em Hortolândia (SP), faz faculdade de Jornalismo há três anos, desafiou o anacrônico mundo futebolístico ao posar para a Playboy, não desistiu de voltar aos gramados nem de sonhar com a Copa de 2010.

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