dança das cadeiras

Covas substitui homem forte de Doria na Secretaria da Saúde em São Paulo

Polêmico por tentar colocar em prática uma 'reforma' na saúde da capital, fechando unidades de atendimento, Wilson Pollara é substituído por nome dos tucanos e alvo de investigações

secom/pmsp

Pollara: gestão no estilo de Doria, de não ouvir

São Paulo – Um dos homens de confiança do ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) deixou hoje (10) a pasta da Saúde na capital. Wilson Pollara foi um dos nomes mais polêmicos da breve gestão Doria, por tentar promover uma “reorganização” na saúde, fechando unidades de atendimento. Em comum com o tucano, a truculência, como define a dirigente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) Lourdes Estevão Araújo.

“Minha avaliação do Pollara é que teve uma gestão muito truculenta, difícil. Ele tem dificuldade de dialogar, de ouvir a população. Ele até ouve, mas nunca conseguiu encaminhar, aderir às propostas da população. Muito ruim”, disse Lourdes. Para o lugar de Pollara, o prefeito Bruno Covas (PSDB) escolheu Edson Aparecido, até então presidente da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab).

Aparecido é um nome forte dos tucanos e já foi secretário da Casa Civil de Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes. Tido como “braço direito” do governador, é alvo de investigações de enriquecimento ilícito. Em março, o Ministério Público de São Paulo chegou a pedir a queda de Aparecido, além de um bloqueio de bens no valor de R$ 10 milhões. Diante desse cenário, observa Lourdes, o substituo também não traz boas expectativas.

“Não achamos que vem coisa melhor (…) mas não estamos com saudades do Pollara”, afirmou. Outro ponto de estranhamento é o fato de que Aparecido não vem da área da saúde, ao contrário de Pollara, que é médico. “Mas vamos continuar acompanhando. Bom que o Pollara tenha caído, mas não temos certeza de nada.”

A incerteza de Lourdes vem em razão de um levantamento rápido, neste primeiro dia sem Pollara. “Não temos muito detalhes. Sabemos, além de que ele vem da Cohab, que seu histórico não é dos melhores. Mas tivemos conversas com algumas pessoas da moradia que disseram que ele dialoga. Nem todo mundo da moradia, das pessoas que falamos, teve grandes questionamentos com ele. Não sabemos ao certo ainda, estamos no processo de investigação, porque queremos saber com que propostas ele vem.”

O grande temor é de continuidade do processo de sucateamento da saúde na capital, afirma a dirigente. “Sabemos que uma das causas de o Pollara cair é a questão da reestruturação da rede. Ele não conseguiu implementar seu programa (…) Estamos com o projeto de reestruturação e durante todo o período tentamos todas as formas de diálogo possíveis. Realizamos audiências na Câmara, tivemos discussões com ele no Conselho Municipal de Saúde, nós conselheiros, e ele nunca voltou em sua proposta”, disse.

A irredutibilidade de Pollara, lembra Lourdes, era o estilo da gestão Doria. “O perfil do Doria é de não voltar atrás. Só volta quando o desgaste é demais. Pollara tinha a insistência de dizer que enquanto a população via fechamento de unidades, diminuição de serviços, ele queria convencer a população de que não estava fazendo isso. Então, achamos que ele tem a visão de que a população é tola. Não gosta de controle social, tem muita dificuldade e, na verdade, não conseguiu ter o resultado que talvez o governo esperasse e gerou muito desgaste para a própria prefeitura. Ele deve estar caindo por isso”, avalia.

Outro fator que pode ter influenciado na queda de Pollara foi a intervenção do Ministério Público no fechamento de unidades de saúde. “O MP foi convencido pela mobilização da população e acatou o que foi colocado. Estamos neste processo de fazer plenárias em todas as regiões, ver o que fechou, ver as necessidades da população. Para nós, a queda do Pollara foi por conta da incompetência dele. Se tivesse ouvido mais a população, talvez ainda estivesse aqui. Mas não é o perfil do Doria, nem do PSDB.”