Velhos amigos

‘Lula mandou um recado, dizendo que é candidatíssimo’, diz Leonardo Boff

'Ele só vai renunciar à candidatura quando Moro trouxer uma única prova de que ele é dono do tríplex”, contou o teólogo, após ficar por uma hora e meia com o ex-presidente em sua cela em Curitiba

Joka Madruga / AGPT

“Ele escuta de lá a voz de vocês. Dá muito ânimo a ele, e vai sair mais forte do que entrou”, disse Boff

São Paulo – O teólogo e escritor Leonardo Boff ficou cerca de uma hora e meia conversando com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. “Encontrei um velho amigo, recordamos muitas coisas. Ele está muito bem. Com entusiasmo e vigor, e a situação de viver numa solitária faz com que ele reflita e leia muito. Ele mandou um recado dizendo que é candidatíssimo. Só vai renunciar quando Moro trouxer uma única prova de que ele é dono do tríplex”, contou. “Enquanto não traz, continua candidato, para dar centralidade para os pobres,  para que abandonem a situação de inferno e miséria em que vivem.”

Segundo Boff, Lula pediu para transmitir a mensagem de que, se ganhar, pretende não apenas repetir as políticas de seus governos, mas que sejam “políticas de Estado, entrem no orçamento e o centro do poder econômico e político seja orientado aos que sempre foram excluídos.” No poder, contou, Lula disse que quer “radicalizar o projeto de dignificação de cidadania a partir dos últimos, dos invisíveis, os que são as grandes maiorias do nosso país.”

Boff contou que Lula está lendo muito. “Romances, textos espirituais. Quer aprofundar a questão da  espiritualidade, não no sentido das religiões, mas no sentido profundo do ser humano, o significado de estar preso, o universo, colocando sua trajetória num nível maior.”

O frei citou o indiano Mahatma Ghandi e o sul-africano Nelson Mandela como exemplos de lideranças que aliaram a luta política e a espiritualidade em sua trajetória.

Segundo ele, Lula está “muito indignado pelo acúmulo de mentiras que se fazem a partir do mundo jurídico, e ele tem uma indignação justa de quem sofre por causa de falsificações, de distorções e mentiras, com objetivo de liquidar a candidatura dele”.

Perguntado se o ex-presidente ouve as manifestações em seu favor que ocorrem em Curitiba, Boff respondeu: “Ele escuta de lá a voz de vocês. Dá muito ânimo a ele, e vai sair mais forte do que entrou. O ‘bom dia, Lula’ dá um ânimo muito grande.”

De acordo com Boff, Lula afirmou ainda que “a vocação da vida é lutar para que haja mais vida nesse mundo.” Para o frei , “há aí uma dimensão espiritual, profundamente ética, e aumenta cada vez mais que ele descobre as oposições, distorções e mentiras que fazem para destruir essa visão generosa que ele tem.”

“Métodos fascistas”

Mais cedo, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, em entrevista à rádio Brasil Sul, falou sobre os 30 dias da prisão de Lula, completados nesta segunda-feira (7). “Pela grandeza que tem, mesmo estando preso, (o ex-presidente) continua fazendo a pauta da política nacional”.

Ela comentou o fato de a empresa Warshot Airsoft, que tem lojas em dois shoppings da cidade de Londrina (PR), oferecer como “lazer” uma brincadeira que consistia em “tiro ao alvo” contra fotos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. “São essas pessoas que às vezes vêm falar de paz. Diz-se que somos violentos e incitamos a violência. O que temos visto é o contrário. Temos visto vítimas sistemáticas da violência.”

Gleisi mencionou os tiros contra a caravana de Lula no Paraná e os disparos efetuados contra o acampamento Marisa Letícia em Curitiba, além do ataque de sexta-feira pelo delegado da Polícia Federal Gastão Schefer Neto, como “métodos violentos, fascistas, racistas, para combater o diferente”.

Segundo Gleisi, a candidatura de Lula “vai ser levada a cabo pelo PT”. “O presidente não está com seus direitos políticos suspensos.” Para ela, de acordo com a Constituição, só perdem os direitos políticos aqueles cujos processos sejam julgados na última instância do Judiciário. “A última instância é o Supremo Tribunal Federal”, disse. “Não vamos ter nenhum julgamento em instância superior antes da eleição.”

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