Plano de governo

Em Curitiba, vigília Lula Livre recebe debate sobre redução da desigualdade

Para economista, projeto progressista de nação deve pensar investimentos em infraestrutura, educação e saúde. 'Precisamos pensar o desenvolvimento a partir das demandas sociais', afirma

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No debate, Pedro Rossi afirmou que plano de apartheid social imposto por Temer não se sustenta

São Paulo – A vigília Lula Livre, em Curitiba, recebeu nesta quinta-feira (10) o segundo encontro do Plano Lula de Governo. O tema “Redução das desigualdades na construção da nação brasileira” foi debatido entre o economista Pedro Rossi (Universidade Estadual de Campinas, Unicamp), Jessy Dayane (Levante Popular da Juventude), Roberto Bagio (dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST) e Márcia Lopes (ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome).

Pedro Rossi defendeu que o investimento em infraestrutura social, moradia, mobilidade urbana, saúde e educação deve ser prioritário num novo projeto de país. “O Brasil tem carência de moradia e educação, por exemplo. Por que não usar essas carências para gerar crescimento durante décadas? Precisamos pensar o desenvolvimento a partir das demandas sociais.”

Para Rossi, o atraso do país também na área de infraestrutura pode ser usado favoravelmente no sentido de promover o desenvolvimento e a distribuição de renda. “Se precisamos de décadas para resolver problemas de infraestrutura e moradia, podemos mobilizar a economia por décadas. Diversificar a estrutura produtiva para gerar emprego e renda.”

O investimento nessas áreas pode vir tanto de capital estatal como privado e, nesse sentido, o potencial multiplicador e como fator de crescimento é enorme. “Significa (investimento em) máquinas para hospitais, ou em tecnologia de ponta para educação”, exemplificou. “Isso gera desenvolvimento em tecnologia nacional e emprego. Crescimento econômico não é só de coisas supérfluas”, disse Rossi.

Por outro lado, um projeto progressista precisa revogar a Emenda Constitucional 95, que reduz investimentos em educação e saúde por 20 anos, defendeu o economista. “Isso é um programa de apartheid social no Brasil.”

Por outro lado, Rossi declarou que tal situação o deixa otimista. “Porque eles não vão conseguir. Mesmo a ditadura entregou crescimento econômico. Esse (o de Michel Temer) é um programa que não vai entregar crescimento e não vai ter sustentação. É preciso ter em mente que a luta não se restringe a essa eleição.”

A ex-ministra Márcia Lopes defendeu que as lideranças voltem à base. “(É preciso) investir na formação política. Ter coragem de falar da radicalidade democrática. Se a gente não avançar no perfil da próxima Câmara Federal e Senado, vamos recuar mais ainda”, afirmou.

Para Bagio, do MST, entre as medidas que devem necessariamente constar de um projeto de país está a democratização da propriedade da terra, “um problema estrutural brasileiro, que não foi resolvido”.

Os recursos naturais (água, petróleo e minérios) do Brasil também são fundamentais numa visão de futuro, afirmou. “Queremos que o conjunto dos recursos naturais seja colocado a serviço do país, e não ser apropriado pelas grandes e empresas internacionais.” Ao encerrar o discurso, Bagio prometeu: “Só saímos daqui com o Lula no meio do povo brasileiro”.

Jessy Dayane, do Levante, disse que “não tem como falar em combater desigualdade social sem falar do extermínio da juventude pobre e negra”. Para ela, esse combate exige o aprofundamento da democracia no Brasil e reformas política e tributária e investimento em áreas sociais, principalmente educação.

“A educação é um elemento estratégico para combater a desigualdade social. Sem democracia e soberania não há combate à desigualdade social”, acrescentou Jessy. “Quando o golpe ameaça a Petrobras, ameaça os royalties do petróleo, a educação e a saúde.”

 

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