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Se Paulo Preto delatar o que sabe, república do tucanato cai, diz Roberto Amaral

Em meio à crise deflagrada pelo decreto de prisão de Lula por Sérgio Moro, o considerado operador do PSDB foi preso. Suas informações atingiriam governos Mário Covas, José Serra e Alckmin, lembra cientista político

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“Todo mundo viu que o despacho de Moro já estava pronto. Ele levou 22 minutos com um texto de várias páginas”

São Paulo – Na situação da mais grave crise da história brasileira recente, no momento em que a decretação da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a principal notícia do país, e repercute no mundo, a prisão do empresário Paulo Preto, nesta sexta-feira (6), ficou em segundo plano, mas não deixa de ser relevante. “Não se está dando muita atenção a isso porque a situação do Lula é mais notícia, mas é um fato novo. Se ele fizer acordo e delatar o que sabe, a república do tucanato cai”, diz o cientista político Roberto Amaral.

Paulo Preto é ex-diretor da empresa paulista de infraestrutura rodoviária, a Dersa, e considerado como operador do PSDB. “Ao deixar o governo, Alckmin já não terá foro privilegiado. E as delações de Paulo Preto atingiriam os governos Mário Covas, José Serra e Alckmin”, lembra Amaral.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) deixou o cargo de governador do estado de São Paulo na tarde desta sexta-feira (6), na Assembleia Legislativa. O vice, Márcio França (PSB), assume o cargo

Como diversos juristas, o cientista político acusa o decreto de prisão de Lula pelo juiz Sérgio Moro de ser “ilegal”, diz Amaral. “Todo mundo viu que o despacho já estava pronto. Ele levou 22 minutos (para escrever e liberar) um texto de várias páginas. É muito grave”, avalia. “Estamos às vésperas das eleições. O Judiciário tirou da disputa um camarada que estava liderando as intenções de voto. Ao lado disto, os candidatos do sistema não decolam. Alckmin não deslancha e o que se está construindo, está sobrando aí, é a candidatura desse Bolsonaro.”

Para ele, o Brasil vive “uma das páginas mais estranhas de sua história”. “Temos um presidente (Michel Temer) que é um pato manco, um homem sem comando. Quem está construindo a história do Brasil é o pessoal de Curitiba. Há um poder Executivo esvaziado, um Legislativo desmoralizado, um Judiciário nas condições que se conhece.”

Na crise, comenta, “o que se verifica é o avanço de estamentos da burocracia estatal, estamentos do Ministério Público, da Polícia Federal, do Judiciário, que estão comandando  o processo, independentemente do funcionamento dos poderes.”